domingo, 10 de março de 2013

A alma após a morte

Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 3: Da Volta à Vida Espiritual

Quando eu era adolescente e lia muitos livros espiritualistas, uma questão sempre me intrigava: sermos absorvidos pelo Todo Universal. E, na minha imaginação, eu tentava entender como seria perder a individualidade... se fosse assim, isso seria como o nada! Pena que eu não li este capítulo do Livro  dos Espíritos antes... teria me poupado de muitas noites de insônia!!!

No livro Depois da Morte, Leon Denis ainda esclarece esta questão quando disserta sobre o Budismo, no capítulo 2, Índia:

O ser aprende a abraçar num mesmo amor tudo o que vive e respira; e isto nada mais é que um dos degraus da sua evolução, pois esta deve conduzi-lo a só amar o eterno princípio de que emana todo o amor, e para onde todo ele deve necessariamente voltar. Esse estado é o do Nirvana.

Essa expressão, diversamente comentada, tem causado muitos equívocos. Em conformidade com a doutrina secreta do Budismo, o Nirvana não é, como ensina a Igreja do Sul e o Grã-Sacerdote do Ceilão, a perda da individualidade e o esvaecimento do ser no nada, mas sim a conquista, pela alma, da perfeição, e a libertação definitiva das transmigrações e dos renascimentos no seio das humanidades. Cada qual executa o seu próprio destino. A vida presente, com suas alegrias e dores, não é senão a conseqüência das boas ou más ações operadas livremente pelo ser nas existências anteriores. 



Ainda falando sobre a individualidade, deixo mais dois comentários de Leon Denis, que retirei do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor:

A alma é imortal, porque o nada não existe e coisa alguma pode ser aniquilada, nenhuma 
individualidade pode deixar de ser. A dissolução das formas materiais prova simplesmente 
uma coisa: que a alma é separada do organismo por meio do qual comunicava com o meio 
terrestre. Não deixa, por esse fato, de prosseguir a sua evolução em novas condições, sob 
formas mais perfeitas e sem nada perder da sua identidade. De cada vez que ela abandona o 
seu corpo terrestre, encontra-se novamente na vida do espaço, unida ao seu corpo espiritual, 
do qual é inseparável, à forma imponderável que para si preparou com os seus pensamentos 
e obras. (Capítulo III - O problema do Ser)

O perispírito, durante o período de gestação, impregna-se de fluido vital e materializa-se 
o bastante para tornar-se o regulador da energia e o suporte dos elementos fornecidos pelos 
genitores; constitui, assim, uma espécie de esboço, de rede fluídica permanente, através da 
qual passará a corrente de matéria que destrói e reconstitui sem cessar, durante a vida, o 
organismo terrestre; será a armação invisível que sustenta interiormente a estátua humana. 
Graças a ele, a individualidade e a memória conservar-se-ão no plano físico, apesar das 
vicissitudes da parte mutável e móvel do ser, e assegurarão, do mesmo modo, a lembrança 
dos fatos da existência presente, recordações cujo encadeamento, do berço à cova, fornece-nos a certeza íntima da nossa identidade. (Capítulo XIII - As vidas sucessivas / A reencarnação e suas leis)



Emmanuel, no livro O Consolador, tem um capítulo especial sobre a vida depois da morte: Transição. Dele escolhi uma das explicações sobre o tema: 

147 – Proporciona a morte mudanças inesperadas e certas modificações rápidas, como será de desejar?
A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciência. Desencarnar é mudar  de plano, como  alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou  as virtudes com a simples modificação  dos aspectos exteriores. Importa observar  apenas a ampliação desses aspectos, comparando-­se o plano terrestre com a esfera de ação dos desencarnados.
Imaginai um homem que passa de sua aldeia para uma metrópole moderna. Como se haverá, na hipótese de não se encontrar  devidamente preparado em face dos imperativos da sua nova vida? A comparação é pobre, mas serve para esclarecer que a morte não é um salto dentro da Natureza. A alma prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres prodigiosos. Os dois planos, visível e invisível, se interpenetram no mundo, e se a criatura humana é incapaz de perceber o plano da vida imaterial, é que o seu  sensório está habilitado somente a certas percepções, sem que lhe seja possível, por  enquanto, ultrapassar a janela estreita dos cinco sentidos. 


E não podia deixar de lado o comentário do Espírito Miramez, na psicografia de João Nunes Maia, sobre o que acontece com os espíritos depois da morte. O trecho abaixo refere-se à questão 149, de O Livro dos Espíritos, e pode ser encontrado, na íntegra, no livro Filosofia Espírita vol. III:
O ESPÍRITO DEPOIS DA MORTE 
A alma, depois da morte, volta ao plano espiritual de onde veio. É como se estivesse internada em uma universidade, em contínuo aprendizado e, ao terminar o curso, voltasse ao campo de trabalho maior, a fim de se sentir mais livre no exercício das suas obrigações. 
A carne é uma benção de Deus, que nos compete aproveitar como sendo experiências valiosas. Quem despreza essa oportunidade no mundo, é tomado de arrependimento constrangedor e busca a sua volta nas lides humanas com redobrados deveres para aliviar o fardo; a vida. Em se comparando com a eternidade da alma, o corpo humano é uma prisão-escola, onde as faculdades estão abafadas, senão oprimidas, dependendo de esforço próprio para que se inicie a libertação, na luz do tempo e nas bênçãos de Deus.  
[...]
O Espírito encarnado deve meditar sempre que possa, no mundo espiritual, nas comunicações dos Espíritos com os homens e na reencarnação, pois, o estudo dessa filosofia grandiosa irá abrindo caminhos para novos conhecimentos da verdade. 
Em outros posts, referi a essa séria de documentários - Through the Whormhole -, que tenho gostado muito. Um deles tem o título de "A Vida após a morte" e está no YouTube. Compartilho o link aqui e recomendo. Quem não tiver tempo de assistir o episódio inteiro (dura cerca de 45 minutos), veja os primeiros 10 minutos: é o depoimento de um professor de Neurocirurgia da Universidade de Harvard, que entrou em coma devido a meningite e teve uma experiência de 'quase morte'. Vale muito (ah, é com legendas!!!):


E para encerrar, deixo uma parte de uma historinha com o Penadinho, personagem do Maurício de Sousa. Sempre fui fã do Maurício, desde os meus 7 anos. Mas quando eu era criança, não tinha esses temas, não!!! Veja como é a evolução: assuntos como imortalidade e vida após a morte tratados em gibis! Nao é demais??? Para ler a estorinha completa, clique aqui para entrar no site da Turma da Mônica. E até nosso próximo encontro...