quarta-feira, 10 de abril de 2013

Separação da alma e do corpo


Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 3: Da Volta à Vida Espiritual


Antes de entrar no tema de hoje, acho importante a leitura de um artigo que encontrei na Revista Espírita, de maio de 1859, intitulado "Ligação entre o espírito e o corpo" (pags. 193 a 195). Nele, Allan Kardec analisa dois depoimentos de pessoas que que falam sobre a ligação entre corpo e espírito, o cordão fluídico que faz essa ligação - também chamado por muitos espiritualistas de cordão de prata, como já li nos autores Charles Leadbeater e Annie Besant.

Revista espírita: ontem...

A senhora Schutz, uma de nossas amigas, que é perfeitamente deste mundo, e não parece dever deixá-lo tão cedo, tendo sido evocada durante seu sono, mais de uma vez, nos deu a prova da perspicácia de seu Espírito nesse estado. Um dia, ou melhor uma noite, depois de uma conversa bem longa, ela disse: Estou fatigada; tenho necessidade de repouso; eu durmo; meu corpo dele tem necessidade.

Sobre isso se lhe fez esta pergunta: Vosso corpo pode repousar; falando-vos, eu não o altero; é vosso Espírito que está aqui, e não o vosso corpo; podeis, pois, conversar comigo, sem que este sofra com isso. Ela respondeu:
"Estais errado crendo isso; meu Espírito se desliga bem pouco do meu corpo, mas é como um balão cativo retido por cordas. Quando o balão recebe os abalos ocasionais pelo vento, o 
poste que o mantém cativo sente a comoção dos abalos transmitidos pela amarração. Meu corpo está no lugar do poste, com a diferença que ele experimenta sensações desconhecidas ao poste, e que essas sensações cansam muito o cérebro; eis porque meu corpo, como meu Espírito, têm necessidade de repouso."

Esta explicação, na qual nos declarou que, durante a vigília, ela não havia jamais sonhado, 
mostra perfeitamente as relações que existem entre o corpo e o Espírito, quando este último 
goza de uma parte de sua liberdade. Sabemos muito bem que a separação absoluta não 
ocorre senão depois da morte, e mesmo algum tempo depois da morte, mas essa ligação não 
nos fora pintada com uma imagem tão clara e tão surpreendente; também felicitamos 
sinceramente essa senhora por tanto espírito que tinha enquanto dormia. Isso, todavia, não 
nos pareceria senão uma engenhosa comparação, quando recentemente essa figura tomou 
proporção de realidade.

... e hoje.
O senhor R..., antigo ministro residente nos Estados Unidos, junto ao rei de Nápoles, homem muito esclarecido sobre o Espiritismo, vindo nos ver, perguntou-nos se, nos fenômenos de aparição, nunca havíamos observado uma particularidade distintiva entre o Espírito de uma pessoa viva e o de uma pessoa morta; em uma palavra, se. quando um Espírito aparece espontaneamente, seja durante a vigília, seja durante o sono, temos um meio de reconhecer se a pessoa está morta ou viva. Sobre nossa resposta de que disso não conhecemos além do que perguntá-lo ao Espírito, ele nos disse conhecer na Inglaterra um médium vidente, dotado de um grande poder, que, cada vez que o Espírito de uma pessoa viva se apresentava a ele, notava um rastro luminoso, partindo do peito, atravessar o espaço sem ser interrompido pelos obstáculos materiais, e indo chegar ao corpo, espécie de cordão umbilical, que une as duas partes momentaneamente separadas do ser vivo. Ele jamais notou quando a vida corpórea não existe mais, e é por esse sinal que reconhece se o Espírito é de uma pessoa morta ou ainda viva.

A comparação da senhora Schutz nos veio ao pensamento, e dela encontramos a confirmação do fato que acabamos de narrar. Faremos, todavia, uma nota a esse respeito.

Sabe-se que no momento da morte a separação não é brusca; o perispírito não se desliga senão pouco a pouco, e enquanto dure a perturbação, ele conserva uma certa afinidade com o corpo. Não seria possível que o laço observado pelo médium vidente, do qual acabamos de falar, subsistisse ainda quando o Espírito aparece no próprio momento da morte, ou poucos instantes depois, como isso ocorre freqüentemente? Nesse caso, a presença desse cordão não seria um indício de que a pessoa está viva. O senhor R... não pôde nos dizer se o médium fez essa anotação. Em todos os casos, a observação não é menos importante, e lança uma nova luz sobre isso que podemos chamar a fisiologia dos Espíritos.

Com esses esclarecimentos sobre como a alma é ligada ao corpo físico, já dá para entender que no momento da morte/desencarnação, é preciso que essas ligações fluídicas sejam desconectadas. 

No livro Obreiros da Vida Eterna, da coleção de livros ditados pelo espírito André Luiz a Chico Xavier, são descritos quatro casos de desencarnação. Recomendo a leitura de todas (ou melhor, do livro inteiro, que é fantástico!!!), mas vou deixar aqui registrado trechos referentes ao personagem Dimas, para ilustrar os ensinamentos que lemos em O Livros dos Espíritos.

As Moiras (ou Parcas, para os romanos) eram três irmãs
que detinham nas mãos o destino de homens e deuses.
— Noutro tempo, André, os antigos acreditavam que entidades mitológicas cortavam os fios da vida humana. Nós somos Parcas autênticas, efetuando  semelhante operação... E porque eu indagasse, tímido, por onde iríamos começar, explicou­me o  orientador: —  Segundo você sabe, há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: o centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.
[...]
Aconselhando­me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do  moribundo, começou  a operar sobre o plexo  solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa porção de substância leitosa extravasava do  umbigo, pairando em torno. Esticaram­se os membros inferiores, com sintomas de esfriamento.
[...]
Jerônimo, com passes concentrados sobre o tórax, relaxou  os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do  coração, que passou a funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância desprendia-­se do corpo, do epigastro à garganta
[...]
Alcançáramos o coma, em boas condições. O Assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir  no  cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu  potencial de energia na fossa romboidal, Jerônimo quebrou  alguma coisa que não pude perceber com 
minúcias, e brilhante chama violeta-­dourada desligou­-se da região craniana, absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada.
[...]

Dimas­-desencarnado  elevou-­se alguns palmos acima de Dimas-­cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do  organismo liberto.
[...]
Para os nossos amigos encarnados, Dimas morrera, inteiramente. Para nós outros, porém, a operação era ainda incompleta. O Assistente deliberou que o cordão fluídico deveria permanecer até ao dia imediato, considerando as necessidades do  “morto”, ainda imperfeitamente preparado para desenlace mais rápido.


Já no livro Amanhece, ditado pelo Espírito Emmanuel a Chico Xavier, estão 3 mensagens referentes a este trecho de O Livro dos Espíritos que estamos estudando, mais especificamente às questões 155 e 156. São excelentes ensinamentos, além lindas mensagens de consolação.







Joanna de Angelis, por intermédio de Divaldo Franco, também fez seus comentários sobre o assunto (questão 155), no livro Momentos de Consciência (abaixo):

Momentos de consciência cap 9 from estudandooLE



E para encerrar o estudo de hoje, Divaldo fala do início da sua mediunidades e da desencarnação da mãe. O vídeo é um pouco longo (quase 30 minutos), mas é muito bom. E é muito esclarecedor o que ele conta quando a mãe dele deixou o corpo, já que a sua mediunidade maravilhosa permitiu que ele acompanhasse todo o processo. Ao mesmo tempo fico pensando como deve ter sido difícil esse momento para ele... É isso. Nos vemos no próximo post!