segunda-feira, 21 de maio de 2012

Seres orgânicos e inorgânicos

Parte Primeira - Capítulo 4: Do Princípio Vital

Pessoal, desculpem por falhar estas duas últimas semanas. Tive alguns contratempos, mas não esqueci do blog nem de vocês. Então, vamos ao que interessa...

Apesar de já termos comentado a questão de O Livro dos Espíritos sobre o fluido cósmico universal, vale recordar o assunto, antes de falarmos sobre o Fluido Vital que é o tema de hoje. Encontrei o texto na Revista Espírita, em março de 1866, no artigo “Introdução ao Estudo dos Fluidos Espirituais”. Reproduzo, abaixo, parte do item VII:

"Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações
e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano",
  André Luiz
É sabido que todas as matérias animais têm como princípios constituintes o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono, combinados em diferentes proporções. Ora, como dissemos, esses mesmos corpos simples têm um princípio único, que é o fluido cósmico universal. Por suas diversas combinações eles formam todas as variedades de substâncias que compõem o corpo humano, o único de que aqui falamos, embora seja o mesmo em relação aos animais e às plantas. Disto resulta que o corpo humano não passa, na realidade, de uma espécie de concentração, de uma condensação ou, se quiserem, de uma solidificação do fluido universal, como o diamante é uma solidificação do gás carbônico. Com efeito, suponhamos a desagregação completa de todas as moléculas do corpo: recuperaremos o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono; em outros termos, o corpo será volatilizado. Esses quatro elementos, voltando ao seu estado primitivo por uma nova e mais completa decomposição – se os nossos meios de análise o permitissem – dariam o fluido cósmico. Sendo esse fluido o princípio de toda a matéria, ele mesmo é matéria, embora num completo estado de eterização.
[...]
Sendo o fluido universal o princípio de todos os corpos da Natureza, animados e inanimados e, por conseguinte, da terra, das pedras, razão tinha Moisés quando disse: “Deus formou o corpo do homem do limo da terra.” Isto não quer dizer que Deus tomou terra, petrificou-a e com ela modelou o corpo do homem, como se modela uma estátua com argila e como acreditaram os que tomam as palavras bíblicas ao pé da letra; mas, sim, que o corpo era formado dos mesmos princípios ou elementos que o limo da terra. Moisés acrescenta: “E lhe deu uma alma vivente, feita à
sua semelhança.” Ele faz, assim, uma distinção entre a alma e o corpo; indica que ela é de natureza diferente, que não é matéria, mas espiritual e imaterial como Deus. Diz: uma alma vivente, para especificar que nela só está o princípio da vida, ao passo que o corpo, formado da matéria, por si mesmo não vive. Estas palavras: à sua semelhança, implicam uma similitude e não uma identidade. Se Moisés houvesse considerado a alma como uma porção da Divindade, teria dito: Deus o anima dando-lhe uma alma tirada de sua própria substância, como disse que o corpo tinha sido tirado da terra.

Há também uma outra mensagem, desta vez publicada na Revista Espírita de novembro de 1861, que fala sobre o Fluido Universal e reproduzo aqui. Este assunto, para mim, é bastante complexo e foi por isso que procurei refrescar minha memória antes de entrar no fluido vital, que é outra coisa.

O FLUIDO UNIVERSAL
(29 de setembro de 1860)
O fluido universal liga entre si todos os mundos; e, conforme os movimentos que lhe são impressos pela vontade do Criador, origina todos os fenômenos da Criação. Ele é a própria vida, ligando as diferentes matérias de nosso globo; é ele que, por propriedades subordinadas a leis, regula as diferentes coisas tão
misteriosas para vós, as afinidades físicas e morais; é ele que vos faz ver o passado, o presente e o futuro, principalmente quando a matéria que obstrui vossa alma é anulada ou enfraquecida por uma causa qualquer; então essa dupla vista (embora menos desenvolvida do que após a morte), vê, sente e toca tudo, nesse meio fluídico que é o seu  elemento e o reflexo exato do que foi, é e será; porque somente as partes mais grosseiras desse fluido estão sujeitas a modificações sensíveis de composição. 
Henry, antigo magnetizador

Quanto ao princípio vital - agora sim, vamos falar dele - encontrei num dos artigos da Revista Espírita, de junho de 1858, uma referência que me ajudou a compreender melhor essa definição. Nesse artigo escrito por Kardec ("Teoria das Manifestações físicas"), tem umas perguntas que são respondidas pelo espírito São Luís e que abordam o assunto. Abaixo coloco apenas algumas:

3. Esse fluido é material?
Resp. – Semimaterial.

4. É esse fluido que compõe o perispírito?
Resp. – Sim, é a ligação do Espírito à matéria.
5. É esse fluido que dá vida, o princípio vital?
Resp. – Sempre ele; eu disse ligação.

6. Esse fluido é uma emanação da Divindade?
Resp. – Não.

7. É uma criação da Divindade?
Resp. – Sim, tudo é criado, exceto o próprio Deus.
8. O fluido universal tem alguma relação com o fluido elétrico, do qual conhecemos os efeitos?
Resp. – Sim; é o seu elemento.

9. A substância etérea que existe entre os planetas é o fluido universal em questão?
Resp. – Ele envolve os mundos: sem o princípio vital, nada viveria. Se um homem se elevasse além do envoltório fluídico que circunda os globos, pereceria, porquanto o princípio vital dele se retiraria, para juntar-se à massa. Esse fluido vos anima; é ele que respirais.


No livro Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, também tem um comentário sobre o fluido vital, registrado no capítulo 24. Destaquei duas frases que achei bem instrutivas:

"...há uma força inerente aos corpos organizados que mantém coesas as personalidades celulares, sustentando-se dentro das particularidades de cada órgão, presidindo aos fenômenos partenogenéticos de sua evolução, substituindo, através da segmentação, quantas delas se consomem nas secreções glandulares, no trabalho mantenedor da atividade orgânica. Essa força é o que denominais princípio vital, essência fundamental que regula a existência das células vivas, e no qual elas se banham constantemente, encontrando assim a sua necessária nutrição, força que se encontra esparsa por todos os escaninhos do universo orgânico, combinada às substâncias minerais, azotadas e ternárias, operando os atos nutritivos de todas as moléculas. O princípio vital é o agente entre o corpo espiritual, fonte da energia e da vontade, e a matéria passiva, inerente às faculdades superiores do Espírito, que o adapta segundo as forças cósmicas que constituem as leis físicas de cada plano de existência, proporcionando essa adaptação às suas necessidades intrínsecas. Essa força ativa e regeneradora, de cujo enfraquecimento decorre a ausência de tônus vital, precursor da destruição orgânica, é simplesmente a ação criadora e plasmadora do corpo espiritual sobre os elementos físicos."

E também recorri a Gabriel Delanne (foto ao lado), um estudioso e pesquisador espírita que teve contato direto com Kardec - seus pais eram amigos íntimos e colaboradores do codificador - e foi contemporâneo de Leon Dennis. Dá para notar que gosto muito das suas obras? Então... recorri ao livro A Evolução Anímica e coloquei abaixo alguns trechos:


Compõe-se, portanto, o ser humano de três elementos distintos: a alma com o seu perispírito, a força vital, e a matéria. A força vital representa aqui um duplo papel: dá ao protoplasma suas propriedades gerais, e ao perispírito o grau de materialidade necessária para que ele possa manifestar as leis que oculta, enfim, fazendo-as passar da virtualidade ao ato.
[...]
A vida resulta, portanto, evidente da união da força vital com o perispírito, dando aquela a vida, propriamente dita, e este as leis orgânicas, concorrendo à alma com a vida psíquica.
[...]
O princípio vital é, pois, uma força essencialmente reparadora e, nos vegetais como nos animais, é ela quem refaz as células agregadas entre si, em função de um plano determinado. É, de alguma sorte, o desenvolvimento, o grau superior, a transformação exaltada do que denominamos - afinidade nos
corpos brutos. Ao demais, o fluido vital age também sobre as moléculas orgânicas, como o fluido magnético sobre as poeiras metálicas que originam o fantasma magnético. Se negarmos a existência de uma força vital, ainda que invisível e imponderável, não nos será possível compreender por que um corpo vivo mantém umas formas fixas, invariáveis segundo a espécie, apesar da incessante renovação das moléculas desse corpo.
Para encerrar, lembro um espiritualista famoso que eu costumava ler bastante: Charles Webster Leadbeater, sacerdote da igreja Anglicana e que viveu no final do século XIX e início do século XX. Em seu livro Os Chacras, ele fala sobre a absorção de glóbulos de vitalidade por meio da luz solar. É muito interessante e fica como dica de leitura fora da literatura espírita.

Todos nós experimentamos alegria e bem-estar ao beijo do sol, mas só os ocultistas conhecem o porquê desta agradável sensação. Da mesma forma que o sol inunda de luz e calor o seu sistema, assim também derrama perpetuamente sobre ele outra energia ainda não suspeitada pela ciência moderna, a que se tem dado o nome de "vitalidade", que atinge todos os planos e se manifesta nos planos físico, emocional, mental, etc. [...] Quando o sol brilha em todo o esplendor, renova-se copiosamente a energia vital e se forma incrível número de glóbulos, enquanto que em dias nublados diminuem consideravelmente, e durante a noite fica em suspenso a operação, segundo as observações até agora efetuadas. Portanto, durante a noite vivemos a expensas das reservas de vitalidade acumuladas durante o dia, e ainda que pareça realmente impossível o esgotamento das reservas, devem diminuir notavelmente quando está o céu nublado durante muitos dias seguidos. Uma vez carregado, o glóbulo atua como elemento subatômico e não está exposto a transmutação ou perda de energia até que o absorva um ser vivo.

Até o próximo post!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Considerações e concordâncias bíblicas concernentes à Criação

Parte Primeira - Capítulo 3: Da Criação

Neste último intertítulo do capítulo, Allan Kardec comenta várias questões levantadas no decorrer deste capítulo 3. Questões sobre Adão, que foi comentada no post  Povoamento da Terra - Adão, a criação do planeta Terra, comentada nos posts  Formação dos mundosFormação dos seres vivos, e a formação e diferenças das raças humanas, presente no post  Diversidade das raças humanas, são mais detalhadas e explicadas pelo codificador do espiritismo.

Para dar uma visão mais aprofundada sobre esses assuntos, deixo aqui uma dica de vídeo: as entrevistas concedidas pelo professor Severino Celestino (confira aqui o perfil dele) ao Programa Transição. Este professor é especialista em traduções bíblicas e também é espírita. (este vídeo foi tirado do ar, mas coloco uma opção) o professor Severino Celestino autor e palestrante espírita, é especialista em traduções bíblicas e neste programa da TV Mundo Maior fala sobre o Jardim do Eden, de Adão e Eva, da serpente, entre outros assuntos referentes ao tema. Vale conferir.



No que se refere a Noé e ao cataclismo relatado no Antigo Testamento, deixo o comentário feito pelo próprio Kardec, em A Gênese:

O dilúvio bíblico, também conhecido pela denominação de “grande dilúvio 
asiático”, é fato cuja realidade não se pode contestar. Deve tê­lo ocasionado o 
levantamento de uma parte das montanhas daquela região, como o do México.
Corrobora esta opinião a existência de um mar interior, que ia outrora do mar Negro 
ao oceano Boreal, comprovada pelas observações geológicas. O mar de Azov, o mar 
Cáspio, cujas águas são salgadas, embora nenhuma comunicação tenham com
nenhum outro mar; o lago Aral e os inúmeros lagos espalhados pelas imensas
planícies da Tartália e as estepes da Rússia parecem restos daquele antigo mar. Por 
ocasião do levantamento das montanhas do Cáucaso, posterior ao dilúvio universal,
parte daquelas águas foi recalcada para o norte, na direção do oceano Boreal; outra
parte, para o sul, em direção ao oceano Índico. Estas inundaram e devastaram
precisamente a Mesopotâmia e toda a região em que habitaram os antepassados do 
povo hebreu. Embora esse dilúvio se tenha estendido por uma superfície muito 
grande, é atualmente ponto averiguado que ele foi apenas local; que não pode ter 
sido causado pela chuva, pois, por muito copiosa que esta fosse e ainda que se
prolongasse por quarenta dias, o cálculo prova que a quantidade d’água caída das
nuvens não podia bastar para cobrir toda a terra, até acima das mais altas
montanhas.

Apesar de já ter inserido comentários sobre o início da vida, vou acrescentar uma mensagem que recebi estes dias, que fala sobre vida e esperança, acompanhado de lindas imagens da Natureza:



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E para completar, uma história sobre as cores. Ao final, para nossa meditação semanal, uma proposta: será que a Humanidade não pode viver em harmonia? Até a próxima semana.