Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 4: Da Pluralidade das Existências
Allan Kardec registrou uma excelente explicação sobre os diferentes mundos habitados e seu grau de perfectibilidade na edição de março de 1858 da Revista Espírita, no artigo Júpiter e alguns outros Mundos.
O robô Curiosity (Nasa) chegou na superfície de Marte, em agosto de 2012 e foram feitas fotografias de várias áreas. Ele descobriu mais indícios da existência de água no planeta vermelho (veja texto completo aqui) |
Segundo os Espíritos, o planeta Marte seria ainda menos adiantado que a Terra. Os Espíritos ali encarnados parecem pertencer quase que exclusivamente à nona classe, a dos Espíritos impuros, de sorte que o primeiro quadro, que demos acima, seria a imagem desse mundo. Vários outros pequenos globos estão, com alguns matizes, na mesma categoria.
A Terra viria em seguida; a maioria de seus habitantes pertence incontestavelmente a todas as classes da terceira ordem, e uma parte bem menor às últimas classes da segunda ordem. Os Espíritos superiores, os da segunda e da terceira classes, aqui cumprem, algumas vezes, missões de civilização e de progresso, mas constituem exceções.
Mercúrio e Saturno vêm depois da Terra. A superioridade numérica dos Espíritos bons dá-lhes preponderância sobre os Espíritos inferiores, do que resulta uma ordem social mais perfeita, relações menos egoístas e, conseqüentemente, condições de existência mais felizes. [...]
[...] De todos os planetas, o mais adiantado sob todos os aspectos é Júpiter. É o reino exclusivo do bem e da justiça, porquanto só tem Espíritos bons. Pode fazer-se uma idéia do estado feliz de seus habitantes pelo quadro que demos de um mundo habitado apenas por Espíritos da segunda ordem. A superioridade de Júpiter não está somente no estado moral de seus habitantes; está também na sua constituição física. Eis a descrição que nos foi dada desse mundo privilegiado, onde encontramos a maior parte dos homens de bem que honraram nossa Terra por suas virtudes e talentos.
A conformação do corpo é mais ou menos a mesma daqui, porém é menos material, menos denso e de uma maior leveza específica. Enquanto rastejamos penosamente na Terra, o habitante de Júpiter transporta-se de um a outro lugar, deslizando sobre a superfície do solo, quase sem fadiga, como o pássaro no ar ou o peixe na água. Sendo mais depurada a matéria de que é formado o corpo, dispersa-se após a morte sem ser submetida à decomposição pútrida. Ali não se conhece a maioria as moléstias que nos afligem, sobretudo as que se originam dos excessos de todo gênero e a devastação das paixões. A alimentação está em relação com essa organização etérea; não seria suficientemente substancial para os nossos estômagos grosseiros, sendo a nossa por demais pesada para eles; compõe-se de frutos e plantas; de alguma sorte, aliás, a maior parte eles a haurem no meio ambiente, cujas emanações nutritivas aspiram. A duração da vida é, proporcionalmente, muito maior que na Terra; a média eqüivale a cerca de cinco dos nossos séculos; o desenvolvimento é também muito mais rápido e a infância dura apenas alguns de nossos meses.
Este planeta azul todos nós conhecemos! |
Resp. – Deixando a Terra os seres mais adiantados passam por uma erraticidade mais ou menos prolongada, que os despoja dos laços carnais, imperfeitamente rotos pela morte.
Observação – A questão não era saber se os habitantes da Terra podem lá se encarnar imediatamente depois da morte, mas diretamente, isto é, sem passar por mundos intermediários. Ele
respondeu que isso é possível aos mais adiantados.
7. Os seus habitantes estão todos no mesmo nível ou, como sucede na Terra, uns são mais adiantados que outros? Neste caso, a quais habitantes da Terra correspondem os menos adiantados?
Resp. – A mesma desigualdade proporcional existe entre os habitantes de Vênus, como entre os seres terrestres. Os menos adiantados são as estrelas do mundo terreno, isto é, os vossos gênios e os vossos homens virtuosos.
A superfície de Vênus está perpetuamente coberta por um véu de nuvens espessas e permanece escondida até mesmo aos mais poderosos telescópios terráqueos. Mas em 1990, a sonda espacial Magellan, na órbita de Vênus, foi capaz de produzir imagens em alta resolução da superfície do planeta |
9. Vênus chegou gradualmente ao estado em que se encontra? Passou anteriormente pelo estado em que se acha a Terra e mesmo Marte?
Resp. – Reina uma unidade admirável no conjunto da obra divina. Como os indivíduos, como tudo o que é criado, animais e plantas, os planetas progridem inevitavelmente. A vida, nas suas variadas expressões, é uma perpétua ascensão para o Criador, desenvolvendo, numa imensa espiral, os graus de sua eternidade.
10. Tivemos comunicações concordantes sobre Júpiter, Marte e Vênus. Por que sobre a Lua só tivemos coisas contraditórias e que não permitiram fixar uma opinião?
Resp. – Essa lacuna será preenchida e em breve tereis sobre a Lua revelações tão claras e precisas quanto as obtidas sobre os outros planetas. Se ainda não vos foram dadas, mais tarde compreendereis a razão.
Observação – Por certo esta descrição de Vênus não tem nenhum dos caracteres de autenticidade absoluta; assim, só a damos a título hipotético. Todavia, o que já foi dito sobre esse mundo lhe dá, pelo menos, um certo grau de probabilidade e, seja como for, não deixa de ser o quadro de um mundo que necessariamente deve existir para todo homem que não tenha a orgulhosa pretensão de crer que a Terra seja o apogeu da perfeição humana; é um elo na escala dos mundos e um grau acessível aos que não se sentem com forças para ir diretamente a Júpiter.
Leon Denis, em O problema do ser, do destino e da dor, explica, mais detalhadamente que o nascimento em determinados mundos depende de uma série de fatores. Destaquei uma das frases em negrito porque essa pode ser a resposta para aquela velha pergunta: "Se os outros mundos são habitados, como Júpiter, por exemplo, por que não somos capazes de ver seus habitantes, já que nossa tecnologia está tão adiantada?" É uma boa questão... talvez não possamos vê-los porque seus corpos são tão sutilizados como nossos perispíritos. Questão para meditarmos e pesquisarmos.
A passagem das almas terrestres para outros mundos só pode ser efetuada sob o regime de certas leis. Os globos que povoam a extensão diferem entre si por sua natureza e densidade. A adaptação dos invólucros fluídicos das almas a esses meios novos somente é realizável em condições especiais de purificação. É impossível aos Espíritos inferiores, na vida errática, penetrarem nos mundos elevados e lhes descreverem as belezas aos nossos médiuns. Encontra-se a mesma dificuldade, maior ainda, quando se trata da reencarnação nesses mundos. As sociedades que os habitam, por seu estado de superioridade, são inacessíveis à imensa maioria dos Espíritos terrestres, ainda demasiadamente grosseiros, em insuficiente grau de elevação. Os sentimentos psíquicos dos últimos, mui pouco apurados, não lhes permitiriam viver da vida sutil que reina nessas esferas longínquas. Achar-se-iam lá como cegos na claridade ou surdos num concerto. A atração que lhes encadeia os corpos fluídicos ao planeta prende-lhes, do mesmo modo, o pensamento e a consciência às coisas
inferiores. Seus desejos, seus apetites, seus ódios, até mesmo seu amor, fazem-nos voltar a este mundo e ligam-nos ao objeto da sua paixão.
É necessário aprendermos primeiramente a desatar os laços que nos amarram à Terra, para depois levantarmos o vôo em direção a mundos mais elevados. Arrancar as almas terrestres ao seu meio, antes do termo da evolução especial a esse meio, fazê-las transmigrar para esferas superiores, antes de terem realizado os progressos necessários, seria desarrazoado e imprudente. A Natureza não procede assim; sua obra desenrola-se majestosa, harmônica em todas as suas fases. Os seres, cuja ascensão suas leis dirigem, não deixam o campo de ação senão depois de terem adquirido virtudes e potências capazes de lhes darem entrada num domínio mais elevado da vida universal.
CAPÍTULO 25
MUNDOS INFERIORES
Os Espíritos que já viveram em mundos superiores e dali saíram com glórias, podem voltar a mundos menos elevados que o seu com missão de transmitir suas experiências, através da arte dos exemplos, com finalidade precípua de ajudar aos que se encontram na retaguarda. Podem ainda voltar a mundos inferiores por provas, se não assimilaram, em sua plenitude, as lições ali ministradas. Há, pois, uma variação de posições em todos os campos de vida, nos mostrando em todas elas o amor de Deus para com todos os Seus filhos.
Os mundos inferiores estão sob as leis de proteção, que atuam em conformidade com os esforços dos que ali vivem. O progresso é lei de Deus em todos os mundos, em toda a criação. Os Espíritos não regridem, como muitos pensam, e dentro de uma grandeza de tempo, o próprio estacionamento do Espírito é ilusório, pois ainda que queiramos, a própria matéria não para a sua evolução. A evolução se torna tão lenta que nos dá uma impressão de inércia, mas não há imobilidade dentro do progresso universal.
A cada momento, nós aceleramos o nosso despertamento até sentirmos a consciência de que cada qual tem a tarefa em seu próprio proveito. A nossa parte, haveremos de fazê-la, e, ainda, poderemos ajudar alguém a abrir os olhos, no contexto das leis que nos ajudam a despertar.
Se o Espírito se encontra em um mundo inferior, deve esforçar-se para melhorá-lo; mesmo sendo pequeno o seu trabalho, juntando-o com os esforços dos outros, avolumar-se-ão os cambiantes do progresso, muito podemos fazer para a criação do bem em todas as tarefas dos homens. Para tanto, Jesus nos deixou, por misericórdia, o Evangelho e, ainda mais, envia de vez em quando missionários do Seu convívio espiritual, capazes de nos transmitir exemplos dignificantes rumo às nossas necessidades.
O Evangelho já se encontra na Terra há quase dois mil anos, é divulgado incessantemente por todas as vias de comunicação e aparece aos mesmos homens por diversas formas, lembrando seu Ideador Cósmico. O que dizer diante de toda essa assistência espiritual? Estamos sendo agraciados, e não devemos recusar essa grande proteção, essa força que liberta, dando entendimento para todos se aproximarem da perfeição pelos próprios esforços, como sendo conquista dos valores imortais.
Na linguagem do amor e da posição espiritual em que a alma se encontra, falir toma uma conotação mais transcendental; em todo passo que não foi bem aproveitado, o Espírito aprendeu alguma coisa que não ainda sabia, adquiriu forças que não possuía. Se não tinha forças para tais empreendimentos, não faliu no sentido comum da palavra; antes, passou por uma experiência onde recolheu algo de melhor para outra vida. A linguagem humana não consegue, na maioria das vezes, traduzir a sublimidade do sentido mais profundo das palavras.
Se o aluno foi reprovado em uma serie é porque não assimilou as matérias apresentadas. Quando recolher condições de sabedoria, avançará com os outros. Quem já foi aprovado, podemos afirmar que já fracassou nesta ou em outras vidas. E Deus, em Sua onisciência, sabe de antemão que a alma não esta em condições de sempre vencer.
Emmanuel Também nos ensina sobre o assunto em O Consolador, ditado a Chico Xavier. Gostei da pergunta 72, que destaca como o planeta em que vivemos, a Terra, é maravilhoso!
72 – Existem planetas de condições piores que as da Terra?
– Existem orbes que oferecem piores perspectivas de existência que o vosso e, no que se refere a perspectivas, a Terra é um plano alegre e formoso, de aprendizado. O único elemento que aí destoa da Natureza é justamente o homem, avassalado pelo egoísmo. Conhecemos planetas onde os seres que os povoam são obrigados a um esforço contínuo e penoso para aliciar os elementos essenciais à vida; outros, ainda, onde numerosas criaturas se encontram em doloroso degredo. Entretanto, no vosso, sem que haja qualquer sacrifício de vossa parte, tendes gratuitamente céu azul, fontes fartas, abundância de oxigênio, árvores amigas, frutos e flores, cor e luz, em santas possibilidades de trabalho, que o homem há renegado em todos os tempos.
73 – A humanidade terrestre é idêntica à de outros orbes?
– Nas expressões físicas, semelhante analogia é impossível, em face das leis substanciais que regem cada plano evolutivo; mas, procuremos entender por humanidade a família espiritual de todas as criaturas de Deus que povoam o Universo e, examinada a questão sob esse prisma, veremos a comunidade terrestre
identificada com a coletividade universal.
75 – Na diversidade de suas experiências, é o Espírito obrigado a adaptar se às condições fluídicas de cada orbe?
– Esse é um imperativo para aquisição de seus valores evolutivos dentro das leis do aperfeiçoamento
Já encerrando nosso estudo de hoje, deixo aqui um artigo mais recente, retirado da Revista Reformador e disponível, no site da Federação Espírita Brasileira (FEB)
Boas leituras, bons estudos e ótima semana a todos!