sexta-feira, 27 de abril de 2012

Pluralidade dos Mundos

Parte Primeira - Capítulo 3: Da Criação

O interesse pelas humanidades de outros mundos habitados é o principal interesse desse intertítulo de O Livro dos Espíritos. Pudera... acho que todos têm a curiosidade de saber sobre as civilizações que povoam o Universo. Camille Flammarion tem uma obra que tem quase o mesmo título: A Pluralidade dos Mundos Habitados, lançado em 1862. Abaixo, dois trechos que separei do capítulo A Humanidade Coletiva.

"Hoje, [...] nós conhecemos melhor nosso estado real. Nós sabemos que a Terra não é mais que um astro obscuro, e que seu habitante é apenas um membro da imensa família que povoa a criação inteira. Nós sabemos que astros resplandecentes se apagam solitariamente um dia ou outro, e que o mundo não muda por um acontecimento tão insignificante como a morte de um sol, quanto mais pela morte de um pequeno planeta como o nosso.
Nossa humanidade inteira seria destruída esta noite por um sopro mortal, e nada seria percebido nos outros mundos, nada pareceria na marcha cotidiana do Universo. Desde então as Terras que se balançam no espaço têm sido consideradas por nós como estações do céu e como as regiões futuras de nossa imortalidade.
Lá está à Casa celeste de muitas moradas, e lá onde entrevemos o lugar de onde vieram nossos pais, reconhecemos aquele que habitaremos um dia. Toda crença, para ser verdadeira, deve concordar com os fatos da natureza. O espetáculo do mundo nos ensina que a imortalidade de amanhã é aquela de ontem e de hoje, que a eternidade futura não é senão a eternidade presente; eis aí nossa fé. Nosso paraíso, é o infinito dos mundos.
[...]
Devemos ver todos os seres que compõem o Universo ligados entre si pela lei de unidade e solidariedade, tanto material como espiritual, que é uma das primeiras leis da natureza. Devemos saber que nada nos é estranho no mundo, e que não somos estranhos a nenhuma criatura, porque um parentesco universal nos reúne  a todos. Não é mais apenas a atração física dos mundos o que constitui sua unidade; não são mais apenas esses raios de luz, de calor, de magnetismo, o que estreita todos os globos do espaço em uma só rede; não são mais apenas os princípios universais da verdade que estabelecem laços indissolúveis entre as humanidades estelares; é uma lei maior que as precedentes, é a lei divina da família. Somos todos irmãos; a verdadeira pátria dos homens é o Universo infinito, ao qual todas as línguas, por um maravilhoso acordo, deram o nome de Céu — céu físico e céu espiritual. Não afirmamos com Voltaire que o habitante do sistema de Sírius ri do vermezinho de Saturno, como este ri por sua vez do animálculo da Terra. Não dizemos, com Diderot: "Que se dane o melhor dos mundos, se eu não estou lá". Rendamos justiça ao plano da natureza, reconheçamos o lugar em que estamos: que a imensa solidariedade que reúne todos os mundos deixe em nós a impressão de sua grandeza.

Ainda na obra de Flammarion, encontramos outras referências a outras humanidades. Em Sonhos Estelares, o astrônomo faz uma comparação entre as terráqueos e marcianos. É impossível deixar de rir ante a pergunta: será que os marcianos acreditam que a Terra é habitada?




Quem tiver interesse de ler um pouco mais desse livro, deixo parte deste capítulo e um trecho bastante interessante sobre como pode ser a composição da matéria em outros planetas.

Sonhos Estelares


Num dos poucos romances assinados por Leon Denis, encontramos também a visão do autor sobre outros mundos habitados. Em Giovana, ele registra a ideia que faz sobre os mundos mais adiantados que a Terra:

Percorremos esses arquipélagos estelares, essas esferas longínquas, bem diferentes de nosso globo. Em lugar de uma matéria compacta e pesada, muitos dentre eles são formados de fluidos leves, de brilhantes cores. Enquanto que os hóspedes da terra se arrastam penosamente na superfície do planeta, os habitantes desses mundos, de corpos sutis, aéreos, se elevam facilmente, planam no espaço ambiente. Eles agem sobre esses fluidos leves e coloridos que compõem o centro de suas esferas; lhes dão mil formas, mil aspectos diversos. 
[...]
- Quais são as necessidades corporais dos habitantes  desses mundos?
- São quase nulas. Não conhecem nem o frio, nem a fome, quase nada da fadiga. Sua existência é bem simplificada. Empregam-na na instrução, no estudo do universo, de suas leis físicas e morais. Prestam a Deus um culto magnífico, e desenvolvem em sua honra os esplendores de uma arte desconhecida aqui. Mas a prática das virtudes é, sobretudo, seu objetivo. A miséria, as doenças, as paixões, a guerra, são quase ignoradas sobre esses mundos. São moradas de paz, de felicidade, dos quais não saberíamos fazer nenhuma idéia em nosso globo de lutas e de lágrimas. 
- É então para lá que se transportam os homens virtuosos que deixam a terra? 
- Há muitos degraus a transpor antes de obter a entrada desses mundos. Esses são os últimos degraus da vida material, e os seres que os povoam, diáfanos e leves para nós, são ainda grosseiros e pesados comparados aos puros Espíritos. Quanto à nossa terra, ela não é senão um mundo inferior. É, após aí haver vivido um número de existências suficientes para perfazer sua educação e seu adiantamento moral, que o Espírito a deixa para abordar esferas mais e mais elevadas, e revestir um corpo menos material, menos sujeito aos males e às necessidades de toda sorte. 

E para termos noção de como pensam alguns de nossos cientistas e pesquisadores pensam, na atualidade, selecionei dois deles, os quais admiro bastante pelo trabalho. Um é o astrônomos norte-americano Carl Sagan, que já está lá na pátria verdadeira:
E, é claro, não poderia deixar de registar a frase do astrônomo brasileiro Ronaldo Mourão, fundador do Museu de Astronomia e Ciências Afins e membro titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em entrevista ao Portal Universia:
"Pessoalmente, acredito que, analisando a quantidade de planetas que existem no Universo, a possibilidade de existir alguma forma de vida é muito grande. É impossível que em um Universo imenso como este só exista vida na Terra, ainda que seja mais atrasada ou mais avançada do que a nossa."


Era isso o que queria compartilhar com vocês esta semana. Espero que tenham aproveitado tanto quanto eu. Até mais!






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