quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mundo normal primitivo

Parte Segunda - Capítulo 1: Dos Espíritos

Duas frases resumem muito bem as explicações que os espíritos deram a Allan Kardec nesse trecho de O Livro dos Espíritos, no que se refere aos mundos espiritual e material. Uma delas é do livro Emmanuel, ditado a Chico Xavier, registrada no capítulo Dos Destinos. E a outra é de Leon Denis, no livro Depois da Morte, no capítulo A Lei Moral. Abaixo, seguem as duas:
Emmanuel: obra do pintor
mineiro Delpino Filho

Somente fora da existência material
podeis refletir acertadamente sobre a verdade. 
Apenas a vida espiritual é verdadeira e eterna. 
[...]
E a vida integral não é a existência terrena, repleta de vicissitudes sem conta; é a glorificação do amor, da atividade, da luz, de tudo quanto é nobre e belo no Universo; e a consciência é o laço que liga cada espírito a esse “nec plus ultra” que denominamos – a Eternidade. 



Leon Denis aos 30 anos

Dá o que for indispensável ao homem material, ser efêmero que se esvairá na morte.
Cultiva com cuidado o ser espiritual, que viverá para sempre.
Desprende-te das coisas perecíveis: honras, riquezas, prazeres mundanos,
tudo isso é fumo: o bem, o belo, o verdadeiro somente é que são eternos.



Em toda a coleção de livros de André Luiz, com psicografia de Chico Xavier, encontramos diversos exemplos da perenidade da vida espiritual, bem como da inter-relação da vida espiritual e da vida material e como esses dois mundos se misturam e se influenciam. Seguem alguns trechos que achei interessantes (e ilustrativos) e ajudam a entender melhor essas relações. Mas recomendo, de verdade, a leitura dessas obras que são maravilhosas.

No capítulo 7 de Missionários da Luz (p. 87 a 89), André Luiz descreve uma noite de atividade de socorro que sua equipe desenvolvia aqui no planeta. Ele descreve o que vê pela rua em que ele passa e a interação com um espírito que vem pedir socorro ao grupo:

Já no livro Os Mensageiros, capítulo No posto de Socorro, encontrei um esclarecimento muito bacana sobre o que costumamos chamar de "inspiração de artista". E novamente, vemos como os dois mundos estão interligados e qual é, realmente, a vida verdadeira:

De varanda extensa e nobre, onde as colunatas se enfeitavam de hera
florida, muito diferente, porém, da que conhecemos na Terra, penetramos em vasto salão mobiliado ao gosto mais antigo. Os móveis delicadamente esculturados formavam conjunto encantador. 
Admirado, fixei as paredes, de onde pendiam quadros maravilhosos. Um deles, contudo, impunha­-me especial atenção. Era uma tela enorme, representando o martírio de São Dinis, o  Apóstolo das Gálias rudemente supliciado nos primeiros tempos do Cristianismo, segundo meus humildes conhecimentos de História. Intrigado, recordei que vira, na Terra, um quadro absolutamente igual àquele. Não se tratava de um famoso trabalho de Bonnat, célebre pintor francês dos últimos tempos? A cópia do Posto de Socorro, todavia, era muito mais bela. A lenda popular  estava lindamente expressa nos mínimos detalhes. O glorioso  Apóstolo, seminu, com a cabeça decepada, tronco aureolado de intensa luz, fazia um esforço supremo por levantar o próprio crânio que lhe rolara aos pés, enquanto os assassinos o contemplavam, tomados de intenso horror; do alto, via­-se descer um emissário divino, trazendo ao Servo do Senhor a coroa e a palma da vitória. Havia, porém, naquela cópia, profunda luminosidade, como se cada pincelada contivesse movimento e vida.
Observando-­me a admiração, Alfredo falou, sorrindo:
– Quantos nos visitam, pela primeira vez, estimam a contemplação desta cópia soberba.
–  Ah!  Sim – retruquei –, o original, segundo estou  informado, pode ser visto no Panteão de Paris.
Panteão de Paris
– Engana­-se – elucidou o meu gentil interlocutor –, nem todos os quadros, como nem todas as grandes composições artísticas, são originariamente da Terra. É certo que devemos muitas criações sublimes à cerebração humana; mas, neste caso, o assunto é mais transcendente. Temos aqui a história real dessa tela magnífica. Foi idealizada e executada por nobre artista cristão, numa cidade espiritual muito ligada à França. Em fins do século passado, embora estivesse retido no círculo carnal, o grande pintor de Bayonne visitou essa colônia em noite de excelsa inspiração, que ele, humanamente, poderia classificar de maravilhoso sonho. Desde o minuto em que viu  a tela, Florentino Bonnat não  descansou  enquanto não a reproduziu, palidamente, em desenho que ficou célebre no mundo inteiro. As cópias terrestres, todavia, não têm essa pureza de linhas e luzes, e nem mesmo a reprodução sob nossos olhos tem a beleza imponente do original, que já tive a felicidade de contemplar  de perto, quando organizávamos, aqui no Posto, homenagens singelas para a honrosa visita que nos fez o  grande servo do Cristo. Para movimentar as providências necessárias, visitei pessoalmente a cidade espiritual a que me referi.
Grande espanto apossara-­se-­me do coração. Via, agora, explicada a tortura santa dos grandes artistas, divinamente inspirados na criação de obras imortais; agora, reconhecia que toda arte elevada é sublime na Terra, porque traduz visões gloriosas do homem na luz dos planos superiores.
Parecendo interessado em completar meus pensamentos, Alfredo considerou:
– O gênio construtivo expressa superioridade espiritual com livre trânsito entre as fontes sublimes da vida. Ninguém cria sem ver, ouvir ou sentir, e os artistas de superior mentalidade costumam ver, ouvir e sentir  as realizações mais altas do caminho para Deus.

E finalmente, quando André Luiz, no livro Nosso Lar, observa o parque defronte de sua janela, no Hospital da colônia, ele descreve:

Deleitava-­me, agora, contemplando os horizontes vastos, debruçado às janelas espaçosas. Impressionavam-­me, sobretudo, os aspectos da Natureza. Quase tudo, melhorada cópia da Terra. Cores mais harmônicas, substâncias mais delicadas. Forrava-­se o solo de vegetação. Grandes árvores, pomares fartos e jardins deliciosos. Desenhavam­-se montes coroados de luz, em continuidade à planície onde a colônia repousava. Todos os departamentos apareciam cultivados com esmero. A pequena distância, alteavam-­se graciosos edifícios. Alinhavam-­se a espaços regulares, exibindo formas diversas. Nenhum sem flores à entrada, destacando-­se algumas casinhas encantadoras, cercadas por muros de hera, onde rosas diferentes desabrochavam, aqui e ali, adornando o  verde de cambiantes variados. Aves de plumagens policromas cruzavam os ares e, de quando em quando, pousavam agrupadas nas torres muito alvas, a se erguerem retilíneas, lembrando lírios gigantescos, rumo ao céu. Das janelas largas, observava, curioso, o  movimento do parque. Extremamente surpreendido, identificava animais domésticos, entre as árvores frondosas, enfileiradas ao fundo.

Dos comentários de André Luiz, vemos que ele definia tudo como uma cópia melhorada da Terra. Depois dos nossos estudos de hoje, acredito que nosso comentário seria o contrário: de que a Terra é uma cópia piorada dos planos espirituais (pelo menos os superiores)!

Para finalizar, deixo uma pequena cena do remake de 1994 da novela A Viagem (a original foi transmitida pela extinta TV Tupi, em 1975). É com prazer que vejo novelas e filmes mostrando um pouco da realidade da Vida, e das trocas que existem entre os planos espiritual e material.


Até o próximo post!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Origem e natureza dos Espíritos

Parte Segunda - Capítulo 1: Dos Espíritos

Alguns posts atrás, chegamos a falar um pouco sobre o tema Espíritos e acho que em Espírito e Matéria temos material suficiente para nos basearmos para o estudo de hoje. Para comentar as questões da origem e criação dos dos espíritos, bem como a evolução, colhi dois depoimentos disponúveis no YouTube: de Divaldo Franco e de Irvênia Prada, palestrantes espíritas que admiro.


Leon Denis, na primeira parte do livro Depois da Morte, faz um retrospecto das primeiras religiões da humanidade e gostaria de destacar aqui essas lições para observarmos como essas questões preocupam a humanidade desde de sempre. E como esses povos antigos tinham um conhecimento que hoje, infelizmente, parece encoberto pelo materialismo, imediatismo, consumismo, e outors "ismos" da modernidade!

Denis mostra como as mais diversas religiões já acreditavam (ou tinham certeza) na criação das almas por um Ser Superior e também na imortalidade. Mas, conforme explica o autor, "Todas as grandes religiões tiveram duas faces, uma aparente, outra oculta. Está nesta o Espírito, maquela a forma ou a letra. Debaixo do símbolo material, dissimula-se o sentido profundo."

No Hinduísmo, os ensinamentos Vedas se perdem na imensidão dos tempos, mas de acordo com os registros históricos e seus livros sagrados, eles "são monoteístas; as alegorias que se encontram em cada página apenas dissimulam a imagem da grande Causa primária, cujo nome, cercado de santo respeito, não podia, sob pena de morte, ser pronunciado. As divindades secundárias ou devas personificam os auxiliares inferiores do Ser Supremo, as forças vivas da Natureza e as qualidades morais." Leon Denis destaca o seguinte trecho do Bhagavad Gita:

Krishna, rodeado por um certo número de discípulos, ia de cidade em cidade espalhar os seus ensinos: 
“O corpo, dizia ele, envoltório da alma que ai  faz sua morada, é uma coisa finita; porém, a alma que o habita é invisível, imponderável e eterna."

Também consultei o texto do Bhagavad Gita (quem tiver curiosidade em consultar, clique aqui para o texto completo):

A substância material total, chamada Brahman, é a fonte do nascimento, e é esse Brahman que Eu fertilizo, e assim faço possível o nascimento de todos os seres viventes [...] Deve-se compreender que todas as espécies de vida aparecem por meio de seu nascimento na natureza material, e que Eu sou o pai que dá a semente.


O Budismo também é citado por Denis e podemos tomar essa passagem do livro Depois da Morte como uma explicação a uma das perguntas dirigidas aos espíritos superiores por Kardec, neste subtítulo do Livros dos Espíritos:

Em conformidade com a doutrina secreta do Budismo, o Nirvana não écomo ensina a Igreja do Sul e o Grã-Sacerdote do Ceilão, a perda da 
individualidade e o esvaecimento do ser no nada, mas sim a conquista, pela alma, da perfeição, e a libertação definitiva das transmigrações e dos renascimentos no seio das humanidades. Cada qual executa o seu próprio destino. A vida presente, com suas alegrias e dores, não é senão a conseqüência das boas ou más ações operadas livremente pelo ser nas existências anteriores.

Já na religião do Antigo Egito, vemos as seguintes características:

“O destino do Espírito humano tem duas fases: cativeiro na matéria, 
ascensão na luz. As almas são filhas do céu, e a viagem que fazem é uma prova. Na encarnação perdem a reminiscência de sua origem celeste. Cativas pela matéria, embriagadas pela vida, elas se precipitam como uma chuva de fogo com estremecimentos de volúpia, através da região do sofrimento, do amor e da morte, até à prisão terrestre em que tu mesmo gemes, e em que a vida divina parece-te um sonho vão. (Uma nota de rodapé explica que o texto foi extraído do Pimander, o mais autentico dos livros de Hermes Trimegisto).


Nesse estudo, também achei interessante sublinhar o significado da imagem da esfinge, tida como um monstro lendário, mas que representa a raça humana:
A Esfinge, cabeça de mulher em corpo de touro, com garras de leão e asas de águia, era a Imagem do ser humano emergindo das  profundezas da animalidade para atingir a sua nova condição. O grande enigma era o homem, trazendo em si os traços sensíveis da sua origem, resumindo todos os elementos e todas as forças da natureza inferior.

Sobre a Grécia Antiga, Leon Denis diz que ela "soube traduzir, em linguagem clara, as belezas obscuras da sabedoria oriental", especialmente pela música e pela poesia.

 Filósofo e matemático grego
que viveu entre 571 a.C. 497 a.C.
"... esse ritmo, essa harmonia que o gênio nascente da Grécia havia introduzido na palavra e no canto, Pitágoras, o iniciado dos templos egípcios, observou-os por toda parte do Universo, na marcha dos astros que se movem, futuras moradas da Humanidade, no seio dos espaços, na concordância dos três mundos, natural, humano e divino, que se sustentam, se equilibram, se completam, para produzirem a vida em sua corrente ascensional e em sua espiral infinita.
[...]
Os pitagóricos chamavam Espírito ou inteligência à parte ativa e Imortal do ser humano. A alma era para eles o Espírito envolvido em seu corpo fluídico e etéreo. O destino da Psique, a alma humana, sua queda e cativeiro na carne, seus sofrimentos e lutas, sua reascensão gradual, seu triunfo sobre as paixões e sua volta final à luz, tudo isto constituía o drama da vida, representado nos Mistérios de Elêusis como sendo o ensino por excelência. Segundo Pitágoras, a evolução material dos mundos e a evolução espiritual das almas são paralelas, concordantes, e explicam-se uma pela outra."
E finalmente, a Gália, com seus ensinamentos druidas e suas Tríades (uma espécie de princípios religiosos dos celtas), são destacados por Leon Denis:

Os druídas ensinavam a unidade de Deus. 
Segundo as Triades, a alma gera-se no seio do abismo — anoufn; aí reveste as formas rudimentares da vida; só adquire a consciência e a liberdade depois de ter estado por muito tempo imersa nos baixos instintos. Eis o que a tal respeito diz o cântico do bardo Taliesino, célebre em toda a Gália: “Existindo, desde toda a antigüidade, no meio dos vastos oceanos, não nasci de um pai e de uma mãe, mas das formas elementares  da Natureza, dos  ramos da bétula, do fruto das florestas, das flores das montanhas. Brinquei à noite, dormi pela aurora: fui víbora no lago, águia nas nuvens, lince nas selvas. Depois, eleito por Gwyon (Espírito divino), pelo Sábio dos sábios, adquiri a Imortalidade. Bastante tempo decorreu, e depois fui pastor. Vagueei longamente pela Terra antes de me tornar hábil na ciência. Enfim, brilhei entre os chefes superiores. Revestido dos hábitos sagrados, empunhei a taça dos sacrifícios. Vivi em cem mundos; agitei-me em cem círculos.”

A alma, em sua peregrinação imensa, diziam os druidas, percorre três círculos, aos quais correspondem três estados sucessivos. No anouln sofre o jugo da matéria; é o período animal. Penetra depois no abred, círculo das migrações que povoam os mundos de expiação e de provas; a Terra é um desses mundos, e a alma se encarna bastantes vezes  em sua superfície. A custa de uma luta incessante, desprende-se das influências corpóreas e deixa o circulo das encarnações para atingir gwynftd, circulo dos mundos venturosos ou da felicidade. Ai se abrem os horizontes encantadores da espiritualidade.

Espero que essa viagem pelo tempo tenha sido do gosto de todos e que tenha ajudado nos estudos, assim como ajudou nos meus. Continuamos no próximo post!





sábado, 9 de junho de 2012

Inteligência e instinto

Parte Primeira - Capítulo 4: Do Princípio Vital

Como este item engloba três assuntos principais - inteligência, instinto e a correlação entre os dois -, vou colocar em separado os comentários que encontrei para cada um dos assuntos. No livro Filosofia Espíritavolume II, Miramez dita ao médium João Nunes Maia comentários profundos para estas perguntas de O Livro dos Espíritos. Destaco, abaixo, uma explicação sobre o instinto, tirado do capítulo O Instinto em Marcha:

Já falamos algumas vezes que o instinto é uma inteligência rudimentar sem a 
conquista do raciocínio, é um atributo do espírito em marcha para a perfeição. No 
animal ele é, pois, o primeiro clarão da alma, esforçando-se para chegar às 
condições do humano. A mão divina atende a toda a criação, de acordo com a sua 
elevação espiritual. O animal, na sua condição instintiva, nos mostra com clareza, o 
quanto já viajou, desde os primeiros movimentos da mônada, procurando se 
expressar em um corpo. Como é infinita a ascensão, ele não pára de buscar e nesta 
busca encontra as inúmeras possibilidades do despertamento das suas qualidades, 
onde Deus deu o toque de vida. 
Dificilmente poderemos constatar onde termina o instinto e começa a razão. 
Esses dois valores se confundem e se aprimoram no decorrer da vida, em busca de 
Deus. A transmutação é vagarosa, entretanto, nunca se estaciona.

Leon Denis também aborda esse assunto em sua obra Depois da Morte. Anotei uma passagem do capítulo Livre-arbítrio e Consciência:

Nas camadas inferiores da criação a alma ainda não se conhece. Só o Instinto,
espécie de fatalidade, a conduz, e só nos seus tipos mais evoluídos é que
aparecem, como o despontar da aurora, os primeiros  rudimentos das
faculdades do homem. Entrando na Humanidade, a alma desperta para a
liberdade moral. Seu discernimento e sua consciência desenvolvem-se cada
vez mais à proporção que percorre essa nova e Imensa jornada. Colocada
entre o bem e o mal, compara e escolhe livremente. Esclarecida por suas
decepções e seus sofrimentos, é no seio das provas que obtém a experiência e
firma a sua estrutura moral.
Dotada de consciência e de liberdade, a alma humana não pode recair na
vida Inferior, animal. Suas encarnações sucedem-se na escala dos mundos até
que ela tenha adquirido os três bens imorredouros,  alvo de seus longos
trabalhos: a Sabedoria, a Ciência e o Amor, cuja posse liberta-a, para sempre,
dos renascimentos e da morte, franqueando-lhe o acesso à vida celeste.

E Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Franco, também fala sobre a trajetória espiritual iniciada nos círculos do instinto, no prefácio do livro Momentos de Alegria:

Partindo do instinto para a razão, nele (no Espírito) predomina, no começo,
os impulsos primários que se manisfestam frequentemente,
carreando, para o processo evolutivo, futuros sofrimentos que lhe cumpre superar.  

Em outro livro desta mesma coleção - Momentos de Felicidade -, a mentora assina uma ótima mensagem sobre a origem espiritual da formação das idéias:

Já Miramez faz um comentário mais abrangente e também aprofundado sobre a inteligência, no capítulo A inteligência é um atributo, extraído livro acima citado. Abaixo apenas um trecho que pode nos esclarecer:

A inteligência é um atributo do espírito. Ela existe na alma desde seus 
primórdios, obedecendo a uma escala descendente, para depois ascender nesta 
mesma ordem, desabrochando todas as suas qualidades inerentes aos poderes do 
espírito. A faculdade de pensar e de raciocinar dos seres humanos foi o mesmo 
instinto do animal que desabrochou pela força dos evos e pelas bênçãos do Criador.
[...]
A inteligência não é o espírito, é um dos seus atributos em expansão, sujeito 
a variadas metamorfoses, porém sempre ascendendo. E é nesse ascender e 
crescer que a Doutrina dos Espíritos aparece nos nossos caminhos, nos propondo 
meios e facultando métodos mais racionais, no condicionamento da verdade, 
visando à nossa libertação. Certamente que a inteligência só pode manifestar-se por 
meio dos órgãos materiais, mas, para os que estão na matéria; é lógico, de espírito 
para espírito, que a inteligência é patrimônio espiritual, manifestada por recursos 
que a alma alcançou.

E Leon Denis, no capítulo Doçura, Paciência, Bondade, ainda no livro Depois da Morte, ensina que nossa evolução depende de nossa vontade de aprender e aprimorar-se constantemente:

Aprendamos a repreender com doçura e, quando for necessário,
aprendamos a discutir sem excitação, a julgar todas as coisas com
benevolência e moderação. Prefiramos os colóquios úteis, as questões sérias,
elevadas; fujamos às dissertações frívolas e bem assim de tudo o que
apaixona e exalta.
Acautelemo-nos da cólera, que é o despertar de todos os instintos
selvagens amortecidos pelo progresso e pela civilização, ou, mesmo, uma
reminiscência de nossas vidas obscuras. Em todos os homens ainda subsiste
uma parte de animalidade que deve ser por nós dominada à força de energia,
se não quisermos ser submetidos, assenhoreados por  ela. Quando nos
encolerizamos, esses instintos adormecidos despertam e o homem torna-se
fera. Então, desaparece toda a dignidade, todo o raciocínio, todo o respeito a si
próprio. A cólera cega-nos, faz-nos perder a consciência dos atos e, em seus
furores, pode Induzir-nos ao crime.

Para finalizar, um recado do plano espiritual para nossa meditação. Na verdade, é mais um roteiro para a vida... Até mais.









segunda-feira, 4 de junho de 2012

A vida e a morte

Parte Primeira - Capítulo 4: Do Princípio Vital


Que se passa no momento da morte e como se desprende o Espírito da sua prisão material?
Que Impressões, que sensações o esperam nessa ocasião temerosa?
É isso o que interessa a todos conhecer, porque todos cumprem essa jornada.
A vida foge-nos a todo instante: nenhum de nós escapará à morte.

É dessa forma que Leon Denis abre o capítulo A hora final, em seu livro Depois da morte. O capítulo inteiro é de grande ensinamento, mas aqui vou deixar mais dois parágrafos que podem começar a nos elucidar sobre a separação definitiva do espírito e do corpo em determinada encarnação.

A separação é quase sempre lenta, e o desprendimento  da alma opera-se gradualmente. Começa, algumas vezes, muito tempo antes da morte, e só se completa quando ficam rotos os últimos laços fluídicos que unem o perispírito ao corpo. A impressão sentida pela alma revela-se penosa e prolongada quando esses laços são mais fortes e numerosos. Causa permanente da sensação e da vida, a alma experimenta todas as comoções, todos os despedaçamentos do corpo material.
[...]
Em geral, o desprendimento da alma é menos penoso depois de uma longa moléstia, pois o efeito desta é desligar pouco a pouco os laços carnais. As mortes súbitas, violentas, sobrevindo quando a vida orgânica está em sua plenitude, produzem sobre a alma um despedaçamento doloroso e lançam-na em prolongada perturbação. Os suicidas são vítimas  de sensações horríveis. Experimentam, durante anos, as angústias do último momento e reconhecem, com espanto, que não trocaram seus sofrimentos terrestres senão por outros ainda mais vivazes.

E como explica Leon Denis, neste mesmo capítulo, vida e morte estão totalmente relacionadas, já que o modo como vivemos influencia o modo como desencarnamos. Manoel Philomeno de Miranda, pela psicografia de Divaldo Franco, também aborda essa questão no livro Temas da Vida e da Morte. No capítulo Comportamento e Vida, o autor espiritual afirma que nosso comportamento influencia não apenas como, mas quando se fixa a hora da morte:

A longevidade como a brevidade da existência corporal, embora façam parte do programa adrede estabelecido para cada homem, alteram-se para menos ou para mais, de acordo com o seu comportamento e do contributo que oferece à aparelhagem orgânica para a sua preservação ou desgaste.
[...]
É óbvio que o estroina desperdiça maior quota de energias, impondo sobrecargas desnecessárias aos equipamentos fisiológica, do que o indivíduo prudente.

E no capítulo Processo Desencarnatório, ele completa:

A ruptura dos vínculos de manutenção do Espírito ao corpo é somente um passo inicial na demorada proposta da desencarnação.
Normalmente encharcado de impressões de forte teor material, o Espírito se demora mimetizados pela vibrações a que se ambientou, prosseguindo sob estados de variadas emoções que o aturdem.
[...]
Acostumado a viciações e hábitos perniciosos, que se comprazia em vitalizar com as atitudes físicas e mentais, vê-se o desencarnado subitamente interditado de dar-lhes prosseguimento, o que então lhe constitui tormento inenarrável, levando-o a arrojar-se sobre os despojos em decomposição, ávido de gozo impossível, nele próprio produzindo estados umbralinos de perturbação psíquica em que passa a jazer por longo período, ou se atira, por afinidade de gostos, em intercursos obsessivos , em que as suas vitimas lhe emprestam o veículo para a nefária dependência...

Para quem quiser saber mais sobre processos desencarnatórios, recomento um livro da coleção André Luiz, de psicografia do Chico Xavier: Obreiros da Vida Eterna. Neste livro, André Luiz faz parte de uma equipe, dirigida por um mentor - Jerônimo - que tem por tarefa acompanhar e ajudar na desencarnação de cinco pessoas. Os processos são bastante detalhados e o aprendizado é grande. Sem contar os exemplos que temos para nossa própria conduta. Abaixo, um pequenos exemplo desse trabalho, registrado no capítulo Companheiro Libertado:


Ordenou Jerônimo que me conservasse vigilante, de mãos coladas à fronte do enfermo, passando, logo após, ao serviço complexo e silencioso de magnetização. Em primeiro lugar, Insensibilizou  inteiramente o vago, para facilitar o desligamento nas vísceras. A seguir, utilizando passes longitudinais, isolou  todo o sistema nervoso  simpático, neutralizando, mais tarde, as fibras inibidoras no cérebro.
[...]
E porque eu indagasse, tímido, por onde iríamos começar, explicou­-me o orientador: 
- Segundo você sabe, há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: o centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.
[...]
 Aconselhando­-me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa porção de substância leitosa pairando em torno. Esticaram-­se os membros inferiores, com sintomas de esfriamento.
[...]
Jerônimo, com passes concentrados sobre o tórax,relaxou os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do  coração, que passou a
funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância
desprendia­se do corpo, do epigastro à garganta, mas reparei que todos os músculos
trabalhavam fortemente contra a partida da alma, opondo-­se à libertação das forças
motrizes, em esforço desesperado, ocasionando angustiosa aflição ao paciente. O
campo físico oferecia-­nos resistência, insistindo pela retenção do senhor espiritual.
[...]
Alcançáramos o coma, em boas condições.
O Assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir
no  cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu  potencial de energia na
fossa romboidal, Jerônimo quebrou  alguma coisa que não pude perceber com
minúcias, e brilhante chama violeta­dourada desligou-­se da região craniana,
absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada.
Quis fitar a brilhante luz, mas confesso que era difícil fixá­la, com rigor. Em breves
instantes, porém, notei que as forças em exame eram dotadas de movimento
plasticizante. A chama mencionada transformou­se em maravilhosa cabeça, em tudo
idêntica à do nosso amigo em desencarnação, constituindo­se, após ela, todo o corpo
perispiritual de Dimas, membro a membro, traço a traço. E, à medida que o novo
organismo ressurgia ao nosso  olhar, a luz violeta­-dourada, fulgurante no cérebro,
empalidecia gradualmente, até desaparecer, de todo, como se representasse o
conjunto dos princípios superiores da personalidade, momentaneamente recolhidos a
um único ponto, espraiando­-se, em seguida, através de todos os escaninhos do
organismo perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão dos diferentes átomos,
das novas dimensões vibratórias.

Mas essa equipe de trabalhadores espirituais também se depara com um caso em que a pessoa, programada para desencarnar, ganha um tempo a mais de vida. Não vou contar detalhes para não estragar a surpresa, mas adianto que o capítulo é emocionante e ninguém vai se arrepender de ler.

Para finalizar, lembrei de um comercial que vi há muito tempo na Internet e que me fez pensar sobre nossas ações, sobre suicídio involuntário, e em tudo o que aprendemos neste item do Livro dos Espíritos. É uma figura até simplista, mas que me fez pensar e querer compartilhar com todos. Por sorte encontrei o vídeo e estou postando abaixo. Até mais!


Nunca será demasiado repetir-se que, assim como o homem pensa e age, edificará sua existência, vivendo-a de conformidade com o comportamento elegido. (Manoel Philomeno de Miranda)