sábado, 9 de junho de 2012

Inteligência e instinto

Parte Primeira - Capítulo 4: Do Princípio Vital

Como este item engloba três assuntos principais - inteligência, instinto e a correlação entre os dois -, vou colocar em separado os comentários que encontrei para cada um dos assuntos. No livro Filosofia Espíritavolume II, Miramez dita ao médium João Nunes Maia comentários profundos para estas perguntas de O Livro dos Espíritos. Destaco, abaixo, uma explicação sobre o instinto, tirado do capítulo O Instinto em Marcha:

Já falamos algumas vezes que o instinto é uma inteligência rudimentar sem a 
conquista do raciocínio, é um atributo do espírito em marcha para a perfeição. No 
animal ele é, pois, o primeiro clarão da alma, esforçando-se para chegar às 
condições do humano. A mão divina atende a toda a criação, de acordo com a sua 
elevação espiritual. O animal, na sua condição instintiva, nos mostra com clareza, o 
quanto já viajou, desde os primeiros movimentos da mônada, procurando se 
expressar em um corpo. Como é infinita a ascensão, ele não pára de buscar e nesta 
busca encontra as inúmeras possibilidades do despertamento das suas qualidades, 
onde Deus deu o toque de vida. 
Dificilmente poderemos constatar onde termina o instinto e começa a razão. 
Esses dois valores se confundem e se aprimoram no decorrer da vida, em busca de 
Deus. A transmutação é vagarosa, entretanto, nunca se estaciona.

Leon Denis também aborda esse assunto em sua obra Depois da Morte. Anotei uma passagem do capítulo Livre-arbítrio e Consciência:

Nas camadas inferiores da criação a alma ainda não se conhece. Só o Instinto,
espécie de fatalidade, a conduz, e só nos seus tipos mais evoluídos é que
aparecem, como o despontar da aurora, os primeiros  rudimentos das
faculdades do homem. Entrando na Humanidade, a alma desperta para a
liberdade moral. Seu discernimento e sua consciência desenvolvem-se cada
vez mais à proporção que percorre essa nova e Imensa jornada. Colocada
entre o bem e o mal, compara e escolhe livremente. Esclarecida por suas
decepções e seus sofrimentos, é no seio das provas que obtém a experiência e
firma a sua estrutura moral.
Dotada de consciência e de liberdade, a alma humana não pode recair na
vida Inferior, animal. Suas encarnações sucedem-se na escala dos mundos até
que ela tenha adquirido os três bens imorredouros,  alvo de seus longos
trabalhos: a Sabedoria, a Ciência e o Amor, cuja posse liberta-a, para sempre,
dos renascimentos e da morte, franqueando-lhe o acesso à vida celeste.

E Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Franco, também fala sobre a trajetória espiritual iniciada nos círculos do instinto, no prefácio do livro Momentos de Alegria:

Partindo do instinto para a razão, nele (no Espírito) predomina, no começo,
os impulsos primários que se manisfestam frequentemente,
carreando, para o processo evolutivo, futuros sofrimentos que lhe cumpre superar.  

Em outro livro desta mesma coleção - Momentos de Felicidade -, a mentora assina uma ótima mensagem sobre a origem espiritual da formação das idéias:

Já Miramez faz um comentário mais abrangente e também aprofundado sobre a inteligência, no capítulo A inteligência é um atributo, extraído livro acima citado. Abaixo apenas um trecho que pode nos esclarecer:

A inteligência é um atributo do espírito. Ela existe na alma desde seus 
primórdios, obedecendo a uma escala descendente, para depois ascender nesta 
mesma ordem, desabrochando todas as suas qualidades inerentes aos poderes do 
espírito. A faculdade de pensar e de raciocinar dos seres humanos foi o mesmo 
instinto do animal que desabrochou pela força dos evos e pelas bênçãos do Criador.
[...]
A inteligência não é o espírito, é um dos seus atributos em expansão, sujeito 
a variadas metamorfoses, porém sempre ascendendo. E é nesse ascender e 
crescer que a Doutrina dos Espíritos aparece nos nossos caminhos, nos propondo 
meios e facultando métodos mais racionais, no condicionamento da verdade, 
visando à nossa libertação. Certamente que a inteligência só pode manifestar-se por 
meio dos órgãos materiais, mas, para os que estão na matéria; é lógico, de espírito 
para espírito, que a inteligência é patrimônio espiritual, manifestada por recursos 
que a alma alcançou.

E Leon Denis, no capítulo Doçura, Paciência, Bondade, ainda no livro Depois da Morte, ensina que nossa evolução depende de nossa vontade de aprender e aprimorar-se constantemente:

Aprendamos a repreender com doçura e, quando for necessário,
aprendamos a discutir sem excitação, a julgar todas as coisas com
benevolência e moderação. Prefiramos os colóquios úteis, as questões sérias,
elevadas; fujamos às dissertações frívolas e bem assim de tudo o que
apaixona e exalta.
Acautelemo-nos da cólera, que é o despertar de todos os instintos
selvagens amortecidos pelo progresso e pela civilização, ou, mesmo, uma
reminiscência de nossas vidas obscuras. Em todos os homens ainda subsiste
uma parte de animalidade que deve ser por nós dominada à força de energia,
se não quisermos ser submetidos, assenhoreados por  ela. Quando nos
encolerizamos, esses instintos adormecidos despertam e o homem torna-se
fera. Então, desaparece toda a dignidade, todo o raciocínio, todo o respeito a si
próprio. A cólera cega-nos, faz-nos perder a consciência dos atos e, em seus
furores, pode Induzir-nos ao crime.

Para finalizar, um recado do plano espiritual para nossa meditação. Na verdade, é mais um roteiro para a vida... Até mais.









2 comentários:

  1. Maravilhosa e instrutiva explanação que nos conscientiza da importância da elevação de pensamentos e da necessidade de nos apercebermos de o quanto deva ser séria a nossa vigilância ao despertar dos instintos mais primários, evitando assiminúmeros dissabores

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    1. Obrigada pelo incentivo, Murilo! Ainda bem que temos todas essas mensagens dos autores espirituais para nos instruir... caso contrário seria difícil compreender a força de nossos pensamentos! Um abraço

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