Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 3: Da Volta à Vida Espiritual
Antes de entrar no tema de hoje, acho importante a leitura de um artigo que encontrei na Revista Espírita, de maio de 1859, intitulado "Ligação entre o espírito e o corpo" (pags. 193 a 195). Nele, Allan Kardec analisa dois depoimentos de pessoas que que falam sobre a ligação entre corpo e espírito, o cordão fluídico que faz essa ligação - também chamado por muitos espiritualistas de cordão de prata, como já li nos autores Charles Leadbeater e Annie Besant.
Revista espírita: ontem... |
A senhora Schutz, uma de nossas amigas, que é perfeitamente deste mundo, e não parece dever deixá-lo tão cedo, tendo sido evocada durante seu sono, mais de uma vez, nos deu a prova da perspicácia de seu Espírito nesse estado. Um dia, ou melhor uma noite, depois de uma conversa bem longa, ela disse: Estou fatigada; tenho necessidade de repouso; eu durmo; meu corpo dele tem necessidade.
Sobre isso se lhe fez esta pergunta: Vosso corpo pode repousar; falando-vos, eu não o altero; é vosso Espírito que está aqui, e não o vosso corpo; podeis, pois, conversar comigo, sem que este sofra com isso. Ela respondeu:
"Estais errado crendo isso; meu Espírito se desliga bem pouco do meu corpo, mas é como um balão cativo retido por cordas. Quando o balão recebe os abalos ocasionais pelo vento, o
poste que o mantém cativo sente a comoção dos abalos transmitidos pela amarração. Meu corpo está no lugar do poste, com a diferença que ele experimenta sensações desconhecidas ao poste, e que essas sensações cansam muito o cérebro; eis porque meu corpo, como meu Espírito, têm necessidade de repouso."
Esta explicação, na qual nos declarou que, durante a vigília, ela não havia jamais sonhado,
mostra perfeitamente as relações que existem entre o corpo e o Espírito, quando este último
goza de uma parte de sua liberdade. Sabemos muito bem que a separação absoluta não
ocorre senão depois da morte, e mesmo algum tempo depois da morte, mas essa ligação não
nos fora pintada com uma imagem tão clara e tão surpreendente; também felicitamos
sinceramente essa senhora por tanto espírito que tinha enquanto dormia. Isso, todavia, não
nos pareceria senão uma engenhosa comparação, quando recentemente essa figura tomou
proporção de realidade.
... e hoje. |
O senhor R..., antigo ministro residente nos Estados Unidos, junto ao rei de Nápoles, homem muito esclarecido sobre o Espiritismo, vindo nos ver, perguntou-nos se, nos fenômenos de aparição, nunca havíamos observado uma particularidade distintiva entre o Espírito de uma pessoa viva e o de uma pessoa morta; em uma palavra, se. quando um Espírito aparece espontaneamente, seja durante a vigília, seja durante o sono, temos um meio de reconhecer se a pessoa está morta ou viva. Sobre nossa resposta de que disso não conhecemos além do que perguntá-lo ao Espírito, ele nos disse conhecer na Inglaterra um médium vidente, dotado de um grande poder, que, cada vez que o Espírito de uma pessoa viva se apresentava a ele, notava um rastro luminoso, partindo do peito, atravessar o espaço sem ser interrompido pelos obstáculos materiais, e indo chegar ao corpo, espécie de cordão umbilical, que une as duas partes momentaneamente separadas do ser vivo. Ele jamais notou quando a vida corpórea não existe mais, e é por esse sinal que reconhece se o Espírito é de uma pessoa morta ou ainda viva.
A comparação da senhora Schutz nos veio ao pensamento, e dela encontramos a confirmação do fato que acabamos de narrar. Faremos, todavia, uma nota a esse respeito.
Sabe-se que no momento da morte a separação não é brusca; o perispírito não se desliga senão pouco a pouco, e enquanto dure a perturbação, ele conserva uma certa afinidade com o corpo. Não seria possível que o laço observado pelo médium vidente, do qual acabamos de falar, subsistisse ainda quando o Espírito aparece no próprio momento da morte, ou poucos instantes depois, como isso ocorre freqüentemente? Nesse caso, a presença desse cordão não seria um indício de que a pessoa está viva. O senhor R... não pôde nos dizer se o médium fez essa anotação. Em todos os casos, a observação não é menos importante, e lança uma nova luz sobre isso que podemos chamar a fisiologia dos Espíritos.
Com esses esclarecimentos sobre como a alma é ligada ao corpo físico, já dá para entender que no momento da morte/desencarnação, é preciso que essas ligações fluídicas sejam desconectadas.
No livro Obreiros da Vida Eterna, da coleção de livros ditados pelo espírito André Luiz a Chico Xavier, são descritos quatro casos de desencarnação. Recomendo a leitura de todas (ou melhor, do livro inteiro, que é fantástico!!!), mas vou deixar aqui registrado trechos referentes ao personagem Dimas, para ilustrar os ensinamentos que lemos em O Livros dos Espíritos.
As Moiras (ou Parcas, para os romanos) eram três irmãs que detinham nas mãos o destino de homens e deuses. |
[...]
Aconselhandome cautela na ministração de energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa porção de substância leitosa extravasava do umbigo, pairando em torno. Esticaramse os membros inferiores, com sintomas de esfriamento.
[...]
Jerônimo, com passes concentrados sobre o tórax, relaxou os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do coração, que passou a funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância desprendia-se do corpo, do epigastro à garganta
[...]
Alcançáramos o coma, em boas condições. O Assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu potencial de energia na fossa romboidal, Jerônimo quebrou alguma coisa que não pude perceber com
minúcias, e brilhante chama violeta-dourada desligou-se da região craniana, absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada.
[...]
Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto.
[...]
Para os nossos amigos encarnados, Dimas morrera, inteiramente. Para nós outros, porém, a operação era ainda incompleta. O Assistente deliberou que o cordão fluídico deveria permanecer até ao dia imediato, considerando as necessidades do “morto”, ainda imperfeitamente preparado para desenlace mais rápido.
Já no livro Amanhece, ditado pelo Espírito Emmanuel a Chico Xavier, estão 3 mensagens referentes a este trecho de O Livro dos Espíritos que estamos estudando, mais especificamente às questões 155 e 156. São excelentes ensinamentos, além lindas mensagens de consolação.
Joanna de Angelis, por intermédio de Divaldo Franco, também fez seus comentários sobre o assunto (questão 155), no livro Momentos de Consciência (abaixo):
Joanna de Angelis, por intermédio de Divaldo Franco, também fez seus comentários sobre o assunto (questão 155), no livro Momentos de Consciência (abaixo):
Momentos de consciência cap 9 from estudandooLE
E para encerrar o estudo de hoje, Divaldo fala do início da sua mediunidades e da desencarnação da mãe. O vídeo é um pouco longo (quase 30 minutos), mas é muito bom. E é muito esclarecedor o que ele conta quando a mãe dele deixou o corpo, já que a sua mediunidade maravilhosa permitiu que ele acompanhasse todo o processo. Ao mesmo tempo fico pensando como deve ter sido difícil esse momento para ele... É isso. Nos vemos no próximo post!
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