quarta-feira, 18 de julho de 2012

Escala espírita

Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 1: Dos Espíritos

Neste item de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec faz um comentário mais longo sobre as ordens de espíritos, baseado no item anterior, onde os espíritos mentores do trabalho de Kardec responderam a perguntas sugeridas pelo codificador.

Para não ficar muito repetitivo e parecido com o post anterior, achei interessante procurar algumas histórias contadas pelos próprios espíritos. Para isso, usei dois livros: Vozes do Grande Além (Espíritos Diversos/Chico Xavier) e Diálogo com as Sombras (Hermínio Miranda). No caso dos espíritos puros, selecionei uma mensagem que descreve um pouco do perfil dessa classe de espíritos iluminados, publicada no livro Momentos de Coragem (Joanna de Ângelis/Divaldo Franco) e uma mensagem do Espírito de Verdade, que consta de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Em Diálogo com as Sombras, Hermínio Miranda descreve várias experiências que teve durante trabalhos de desobsessão, agrupando os perfis dos espíritos que ele observou. Escolhi um desses relatos para ilustrar os espíritos de terceira ordem:

OS JURISTAS
Muitas vezes nos encontramos com esses trabalhadores das sombras, tão
compenetrados de suas tarefas como quaisquer outros. São os terríveis juristas do Espaço.
“Estes também — diz o artigo já citado, em “Reformador” de fevereiro de
1975 —, autoritários e seguros de si, exoneram-se facilmente de qualquer
culpa porque, segundo informam ao doutrinador, cingem-se aos autos do
processo. Na sua opinião, qualquer juiz terreno, medianamente instruído,
proferiria a mesma sentença diante daqueles fatos. Todo  o formalismo
processualístico ali está: as denúncias, os depoimentos, as audiências, os
pareceres, os laudos, as perícias, os despachos e, por fim, a  sentença —
invariavelmente condenatória. E até as revisões, e os apelos, quando previstos
nos “códigos” pelos quais se orientam (ou melhor, se desorientam).”
São também impessoais e frios aplicadores das “leis”.
Um desses juizes deu-me a honra de trazer, para argumentar comigo, os
autos do processo. Abriu sobre a mesa o caderno, invisível a mim, e começou
a citar a lista de crimes que o acusado havia cometido, desde o
desencaminhamento de jovens inexperientes, até assassinatos.  Só depois,
pobre irmão, foi descobrir que estava lendo os autos de seu próprio processo!
Trouxera consigo um servidor da sua equipe apenas para “carregar” os autos,
coisa indigna de sua elevada condição de magistrado. Quando pediu ao
contínuo que lhe passasse os autos, este lhe deu a documentação errada. .. O
engano foi, aliás, seu mesmo, porque o bedel lhe dera  primeiro um dos
processos, e ele, em tom áspero e imperioso:
— Não é este, é o outro!
O “outro” era o dele!
Já me trouxeram também os autos do processo de minha “heresia”, como
também autos já arquivados, com sentença proferida, em caso que, segundo
este jurista invisível, eu havia apelado.

Um parênteses: gostaria de destacar o trabalho excelente feito pela Federação Espírita Brasileira ao disponibilizar o acervo digital da revista O Reformador, dos anos de 1955 até 2010. Recomendo a todos uma visita e pesquisa. Eu mesma encontrei um artigo incrível da querida médium Yvonne Pereira ("Um caso de reencarnação: eu e Roberto de Canallejas) e que já estava procurando há um tempão. Parabéns à FEB.

Mas retomando o assunto, segue outro exemplo de espírito de terceira ordem, só que já arrependido e voltando para o caminho do bem. O depoimento espiritual foi registrado por Chico Xavier e publicado no livro Vozes do Grande Além, sob o título de Enterrado Vivo:





Também no livro Vozes do Grande Além, sob o título de Companheiro de Regresso, temos um caso do que poderíamos chamar de espírito de segunda ordem:



Como temos observado, as categorias organizadas por Kardec incluem muitas sub-categorias, já que dependem da evolução espiritual de cada um. Do livro Momentos de Coragem, Joanna de Ângelis, por intermédio de Divaldo Franco, traça as características dos espíritos benfeitores que nos acompanham e orientam. Acredito que estes espíritos ainda fazem parte da segunda ordem de espíritos:


Para a primeira ordem, a dos espíritos puros, selecionei uma mensagem que consta do Evangelho Segundo o Espiritismo, que está no item 7 do capítulo VI, O Cristo Consolador, assinada pelo Espirito de Verdade:

Sou o grande médico das almas e venho trazer­vos o remédio que vos há de curar.
Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos. Venho salvá­ 
los. Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e
consolados. Não  busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é
impotente para dá­las. Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio 
do Espiritismo. Escutai­o. Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade,
a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que sugam o vosso  mais puro 
sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e
submissos ao Criador, pratiqueis a sua lei divina. Amai e orai; sede dóceis aos
Espíritos do Senhor; invocai­o do fundo de vossos corações. Ele, então, vos enviará
o seu Filho bem­amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: Eis­me aqui;
venho até vós, porque me chamastes.
O Espírito de Verdade (Bordéus, 1861)

O assunto ainda não se esgotou. Mas por hoje é isso. Espero que gostem da apresentação que coloquei para encerrar o post, com o perfil do mais puro espírito que já esteve em nosso plano físico. Até mais!


Ou, se quiserem escutar a música (Recomendo!):






domingo, 15 de julho de 2012

Diferentes ordens de espíritos

Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 1: Dos Espíritos

É importante lembrar que, mesmo existindo uma série de classificações para os espíritos, todos estamos em processo de evolução. Em O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Leon Denis destaca o trabalho dos espíritos que desejam evoluir e que, por isso, podem ser considerados "espíritos da segunda ordem", conforme categorizou Allan Kardec:

Todo espírito que deseja progredir trabalhando na obra de
solidariedade universal recebe dos espíritos mais elevados uma
missão particular, apropriada às suas aptidões e ao seu grau de adiantamento.
Alguns têm por tarefa acolher os espíritos em seu retorno à
vida espiritual, guiá-los, ajudá-los a se desprenderem dos fluidos
espessos que os envolvem; outros são encarregados de consolar,
instruir as almas sofredoras e atrasadas. Espíritos de químicos,
físicos, naturalistas, astrônomos, prosseguem em suas pesquisas, estudam os mundos, suas superfícies, suas profundezas ocultas, atuam em todos os lugares sobre a matéria sutil, que
fazem passar por preparações, modificações destinadas a obras
que a imaginação humana teria dificuldades em imaginar. Outros
se aplicam às artes, ao estudo do belo sob todas as suas formas.
Espíritos menos evoluídos auxiliam os primeiros em suas tarefas
variadas e lhes servem de auxiliares.
Um grande número de espíritos se consagra aos habitantes
da Terra e dos outros planetas, estimulando-os em suas pesquisas, fortalecendo os ânimos abatidos, guiando os hesitantes pelo caminho do dever. Aqueles que praticaram a medicina e possuem
o segredo dos fluidos curativos, reparadores, ocupam-se mais
especialmente dos doentes

A obra O Céu e o Inferno é comentada
por Emmanuel em 
Justiça Divina
Emmanuel, no livro Justiça Divina, no capítulo Espíritos Transviados, descreve espíritos que podemos colocar na faixa dos "espíritos da terceira ordem", conforme definiu Kardec. Vale lembrar que estas classificações estão mais amplamente estudadas em uma das obras básicas do Espiritismo: O Céu e o Inferno, organizado por Allan Kardec. Aliás, o livro Justiça Divina, psicografado por Chico Xavier, traz comentários sobre itens de O Céu e o Inferno. Abaixo, o comentário feito por Emmanuel, onde ele também ressalta que estamos em processo evolutivo e ninguém fica eternamente longe do bem: 





ESPÍRITOS  TRANSVIADOS 
Reunião pública de 30.10.61 
1ª. Parte, cap. VII, § 22  

Caminham desfalecentes, embuçados na sombra, ainda que o sol resplenda em torno. 
Sonâmbulos das paixões em que se desregravam, são cativos dos seus próprios reflexos 
dominantes. 
Por mais se lhes atraia a atenção para as esferas sublimes, encasulam-se nos interesses inferiores, 
encarcerando na Terra as antenas da alma. 
Aferrolhavam o coração no recinto estreito de burras preciosas e sentem-se, no esquife, como quem 
se refestela em poltrona de ouro. 
Empenhavam as forças, a tiranizarem multidões indefesas, manejando o verbo fácil, e deitam oratória fulgente, no barranco em que se lhes guardam os restos, qual se ocupasse os primeiros lugares em tribuna de honra. 
Aniquilavam recursos, plasmando imagens viciosas, em nome do sentimento, e escrevem ou 
gesticulam, na solidão, supondo transmitir emoções enfermiças a legiões de admiradores 
imaginários. 
Aprisionavam a mente, no egoísmo feroz, e tornam à paisagem doméstica, à maneira de loucos, 
envolvendo os entes queridos em fluidos tentaculares. 
Hipotecavam energias aos prazeres sensuais e choram agressivos, na clausura da cova, disputando 
com os vermes a posse do corpo transformado em ruínas. 
Empregavam as horas, ilaqueando a si mesmos, e vagueiam errantes, hipnotizados por inteligências 
corrompidas com as quais se conjugam em delitos nas trevas. 

*** 
Não acredites, porém, sejam eles doentes sem esperança. 
O Criador não quer escravos na Criação. 
Todos são livres para escolher os nossos caminhos. 
Por isso, quase sempre, em sucessivas reencarnações,
gastamos séculos no mal, a fim de entender o bem. 
E se a Lei te permite conhecer o suplício das consciências transviadas, pra lá do sepulcro,
é para que trabalhes em teu próprio favor. 
Corrige em ti mesmo tudo aquilo que nos censuram outros. 
Clareia-te por dentro. 
Aprimora-te e serve. 
Enquanto no corpo físico, desfrutas o poder de controlar o pensamento, aparentando o que deves 
ser; no entanto, após a morte, eis que a vida é verdade, mostrando-te como és.

Hermínio Miranda, no livro Diálogo com as Sombras, traz um estudo fantástico sobre os trabalhos de desobsessão e suas observações pessoais como doutrinador. O autor analisa não apenas os trabalhos, mas os grupos, o papel de cada integrante e também o trabalho do plano espiritual. Encontrei no trecho abaixo uma boa definição do que poderíamos chamar de espíritos da segunda ordem e, em seguida, da terceira ordem:

Variam muito as categorias de Espíritos que comparecem a um grupo
mediúnico. Vimos aqueles que pertencem às equipes socorristas, dedicados ao
bem, ao trabalho construtivo, à renúncia, ao amor fraterno. Claro que não são,
nem se julgam, seres redimi-dos, à soleira da perfeição. Ainda trazem, como
todos nós, impurezas e imperfeições, a que dão combate sem  tréguas, nas
lutas redentoras em que se empenham, O próprio trabalho a que se dedicam,
de socorro às almas que sofrem dores maiores, é um dos mais  eficazes
instrumentos de auto-resgate. Ninguém precisa, e ninguém deve esperar
perfeição, para servir, porque, então, nunca chegaríamos a fazê-lo.
No anverso da medalha encontramos os Espíritos envolvidos em dolorosos
processos de atordoamento moral. Não nos iludamos com os seus rancores,
sua gritaria, sua violência e agressividade: são terrivelmente infelizes, a
despeito de tudo quanto digam ou façam. A couraça de ódio de que se
revestem não passa de uma defesa desesperada contra a infiltração benéfica
do amor. Temem mais o amor do que o ódio, mas desejam-no acima de tudo
neste mundo. Não buscam, no fundo, outra coisa, senão serem convencidos de
seus erros, para retomarem o caminho evolutivo, abandonado, às vezes, há
séculos ou milênios. E, coisa ainda mais estranha, trazem também amor no
coração, ainda que sepultado em profundas camadas de desesperança e desenganos.

Finalmente, para termos uma ideia do que significa  a primeira ordem, na conceituação de Kardec, selecionei  duas leituras. Uma delas é de Leon Denis, em O Problema do ser..., indicado acima:

A mais bela de todas as missões é a dos espíritos de luz.
Vêm dos espaços celestes para trazer à humanidade os tesouros de sua ciência, de sua sabedoria, de seu amor. Sua tarefa é um sacrifício constante, porque o contato dos mundos materiais
é penoso para eles; porém, encaram todos os sofrimentos por dedicação aos seus protegidos, a fim de assisti-los em suas provas e infiltrarem no coração deles grandes e generosas intui-
ções. É justo atribuir-lhes esses clarões de inspiração que iluminam o pensamento, esses desafogos da alma, essa força moral que nos sustenta nas dificuldades da vida. Se soubéssemos a
quantos constrangimentos esses nobres espíritos se impõem para chegarem até nós, responderíamos melhor às suas solicitações, faríamos esforços enérgicos para nos desligarmos de tudo o que é insignificante e impuro, unindo-nos a eles na comunhão divina.

Em A Caminho da Luz, Emmanuel, com a psicografia de Chico Xavier, define os espíritos puros, grupo do qual Jesus faz parte: faz parte.

A COMUNIDADE DOS ESPÍRITOS PUROS

Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os
fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros
e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam
as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.
Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus
um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu,
nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da
organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da
nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as
balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria
em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor
à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu
Evangelho de amor e redenção.

Para fechar o post de hoje, enumerei algumas frases de Madre Teresa de Calcutá, um exemplo maravilhoso de vida e uma fonte eterna de sabedoria. Espero que essas frases nos ajudem a seguir em frente, em nosso caminho evolutivo - e sem mais tropeços! Nos vemos em breve. Até lá.



Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.

Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.



 Quando não conseguir correr através dos anos, trote.
Se não conseguir trotar, caminhe. 
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.
Mas nunca se detenha.



Palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas seus ecos são verdadeiramente infinitos.



Ontem foi embora. Amanhã ainda não veio. Temos somente hoje, comecemos! Qualquer ato de amor, por menor que seja, é um trabalho pela paz.



Não sou nada; sou apenas um instrumento, um pequeno lápis nas mãos do Senhor, com o qual Ele escreve aquilo que deseja. Por mais imperfeitos que sejamos, Ele escreve magnificamente.





segunda-feira, 9 de julho de 2012

Perispírito

Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 1: Dos Espíritos


Sobre o tema de hoje, gostaria de indicar um livro muito bom que já li há algum tempo: Espírito, Perispírito e Alma, do pesquisador Hernani Guimarães Andrade. É bem profundo, tanto que tentei selecionar algum parágrafo e não consegui. O problema é que uma explicação depende de outra e o post iria ficar muito grande. De qualquer forma, fica a dica. E para incentivar essa leitura, segue uma entrevista concedida por esse importante pesquisador espírita (que já está lá na pátria espiritual desde 2003), em que ele menciona o bóson de Higgs, que está nas manchetes científicas do momento (veja este comentário):

Mas vamos voltar ao tema do dia: o Perispírito. Na edição de junho de 1861 da Revista Espírita, Kardec publicou um ditado espiritual espontâneo do espírito Lamennais sobre a natureza do Espírito e do Perispírito, intitulado "Sobre o perispírito":


A alma, para o seu progresso, tem sempre 
necessidade de um agente; a alma sem agente nada é para vós, ou, melhor dizendo, não 
pode ser concebida por vós. O perispírito, para nós outros Espíritos errantes, é o agente pelo 
qual nos comunicamos convosco, seja indiretamente por vosso corpo ou vosso perispírito, 
seja diretamente pela vossa alma; daí as infinitas nuanças de médiuns e de comunicações. 
Agora resta o ponto de vista científico, quer dizer, a própria essência do perispírito; isto é um 
outro assunto. Compreendei, primeiro, moralmente; não resta mais que uma discussão sobre 
a natureza dos fluidos, o que é inexplicável no momento; a ciência não conhece bastante, 
mas a isso se chegará se a ciência quiser caminhar com o Espiritismo. 

Gabriel Delanne, que foi um grande pesquisador espírita, contemporâneo de Kardec, estudou e participou de várias manifestações, inclusive as chamadas materializações. No livro A Evolução Anímica, ressalto um trecho do capítulo A Vida, que poderá esclarecer um pouco sobre o que é o perispírito:

O perispírito não é concepção filosófica imaginada para dar conta dos fatos; é um órgão indispensável à vida física, reconhecível pela experimentação. Foi no estudo da materialização dos Espíritos que o seu papel se revelou, pondo em destaque as suas propriedades funcionais. Essa descoberta explica fenômenos que a ciência registrava apenas, sem poder 
justificá-los. Esse esboço do ser, preexistente a toda organização, essa reparação perpétua dos tecidos, mediante regras fixas, essa ordem que se não altera, apesar dos sucessivos afluxos de elementos novos, essa evolução cuja lei domina, em todo o curso da vida, o conjunto das trocas materiais, de modo a modificá-las profundamente conforme a idade; tudo isso se torna compreensível com a teoria espírita. Sem ela, ao invés, indecifrável obscuridade se estende sobre todos os fenômenos que de tão perto nos tocam. Admita-se a existência do perispírito, e tudo se esclarece e se compreende; a lógica dos fatos torna-se evidente é uma explicação racional no lugar do mistério, descoberta que nos leva a dar um passo a mais no conhecimento tão difícil de nós mesmos.

Foto de 1874, mostrando a materialização
do espírito Kate King, muito citada por
Gabriel Dellane
(Veja nota ao fim da página)
Em um outro livro,O Espiritismo perante a Ciência, Delanne dedica uma parte inteira sobre o perispírito. Vale consultar o capítulo 2 da 4ª parte: Provas da Existência do Perispírito - sua utilidade - seu papel. Neste capírtulo, o autor exemplifica suas teorias com vários casos coletados e analisados por ele. Abaixo deixo três parágrafos do capítulo 1, O que é o Perispírito:

A natureza da alma nos é desconhecida, mas sabemos  que ela está envolvida, circunscrita por um corpo fluídico
que a torna, depois da morte, um ser distinto e individual. 
[...]
Esse invólucro não é de modo algum a alma, porque não pensa; não é mais que uma vestimenta; sem alma, o perispírito, assim como o corpo, não passam de matéria inerte, privada de vida e de sensação. Dizemos matéria, porque, com efeito, o perispírito, posto que de natureza etérea e sutil, não deixa de ser matéria, tanto como
os fluidos imponderáveis, e, além disso,
matéria da mesma natureza e da mesma origem
que a matéria tangível mais grosseira.
[...]

A alma não possui essa veste somente em estado de espírito; ela é inseparável desse invólucro que a segue na encarnação e na erraticidade. Durante a vida  humana, o fluido perispiritual identifica-se com o corpo e serve de veículo às sensações vindas do exterior e  às vontades do Espírito; penetra o corpo em todas as suas partes; mas, com a morte, o perispírito se desprende com a alma, de que partilha a imortalidade.

E também não seria possível mencionar Leon Denis e sua maravilhosa explicação sobre o perispírito e sua correlação com a nossa evolução moral, registrada no capítulo O perispírito ou corpo espiritual, do livro Depois da Morte:

Esse corpo fluídico não é, entretanto, imutável; depura-se e enobrece-se
com a alma; segue-a através das suas inumeráveis encarnações; com ela sobe
os degraus da escada hierárquica, torna-se cada vez mais diáfano e brilhante
para, em algum dia, resplandecer com essa luz radiante de que falam as
Bíblias (antigas) e os testemunhos da História a respeito de certas aparições. É
no cérebro desse corpo espiritual que os conhecimentos se armazenam e se
imprimem em linhas fosforescentes, e é sobre essas  linhas que, na
reencarnação, se modela e forma o cérebro da criança. Assim, o intelecto e o
moral do Espírito, longe de se perderem, capitalizam-se e se acrescem com as
existências deste. Daí as aptidões extraordinárias  que trazem, ao nascer,
certos seres precoces, particularmente favorecidos.
A elevação dos sentimentos, a pureza da vida, os nobres impulsos para o
bem e para o Ideal, as provações e os sofrimentos pacientemente suportados,
depuram pouco a pouco as moléculas perispiríticas, desenvolvem e multiplicam
as suas vibrações. Como uma ação química, eles consomem as partículas
grosseiras e só deixam subsistir as mais sutis, as mais delicadas.
Por efeito inverso, os apetites materiais, as paixões baixas e vulgares
reagem sobre o perispírito e o tornam mais pesado, denso e escuro. A atração
dos globos Inferiores, como a Terra, exerce-se de modo irresistível sobre esses
organismos espirituais, que, em parte, conservam as necessidades do corpo e
não podem satisfazê-las. As encarnações dos Espíritos que sentem tais
necessidades sucedem-se rapidamente, até que o progresso pelo sofrimento 104
venha atenuar suas paixões, subtrai-los às influências terrestres e abrir-lhes o
acesso de mundos melhores.
Estreita correlação liga os três elementos constitutivos do ser. Quanto mais
elevado é o Espírito, tanto mais sutil, leve e brilhante é o perispírito, tanto mais
isento de paixões e moderado em seus apetites ou desejos é O corpo. A
nobreza e a dignidade da alma refletem-se sobre o perispírito, tornando-o mais
harmonioso nas formas e mais etéreo; revelam-se até sobre o próprio corpo: a
face então se ilumina com o reflexo de uma chama interior.

O espírito Miramez, pelo médium João Nunes Maia, também traz uma capítulo intitulado Perispírito em seu livro Horizontes da Mente:
O perispírito é um corpo fluídico de alta sensibilidade, capaz de comandar bilhões
de células em perfeita harmonia, em conexão com o espírito, do qual é escravo. O
corpo físico é uma duplicata do perispírito. As graves enfermidades, por vezes,
vêm da organização perispiritual, que impõe à matéria que se transforme,
favorecendo ambiente para a proliferação de variados tipos de vírus, causadores
de inúmeras doenças. A mente, com as grandes emoções, prepara o carimbo a
que o corpo espiritual se sujeita, recarimbando o corpo de carne, que o obedece,
como foi obediente ao espírito.
O perispírito tem associações profundas  com as glândulas de secreção interna,
através de seus centros de forças. Elas são como duplos deles, e eles da mente,
de onde parte todo o comando central do espírito. É por isso que a obstinação da
mente, em visualizações inferiores, desprevine-a da ética espiritual, abrindo portas
para que o inferno se faça presente no céu da inteligência.
O estudo dessa organização que chamais de perispírito, ou corpo espiritual, no
dizer de Paulo de Tarso, é realmente fascinante.

E para encerrar, gostaria de mostrar que as idéias de que possuímos um corpo espiritual - cópia do nosso material, independente a ele - estão se disseminando. Vejam só esses quadrinhos da Turma da Mônica, do Maurício de Sousa, onde a Magali é a protagonista. Para mim, que sempre fui fã desses gibis, foi muito legal ver isso! Até o próximo post!


Esta fotografia foi tirada pelo Presidente da Real Sociedade, Sir William Crookes, e mostra o médico Dr. James M. Gully tomando a pulsação de Katie King. As experiências foram realizadas sob as condições de teste estritas, impostas por Crookes, que gravou diferenças físicas em compleição, da coloração do cabelo, da altura, batidas cardíacas, das bolhas, do tipo da pele, da cara e do tamanho dos dedos, as maneiras da expressão entre a figura materializada Katie King e a médium Florence Cook. Todas as comparações físicas eram diferentes, provando elas eram duas entidades separadas.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Forma e ubiquidade dos espíritos

Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 1: Dos Espíritos

O primeiro tema existente neste item é sobre a forma dos espíritos. Não vou colocar muitas leituras sobre isso porque, no próximo post, o assunto será exatamente este, ou seja, o perispírito. Mas não posso deixar de citar Gabriel Delanne, em seu livro A Alma é Imortal:

Imagem do site da editora Petit
Esses seres que vivem no espaço, isto é, ao nosso derredor, têm uma 
forma perfeitamente determinada, que permite sejam descritos com exatidão. Já não é lícita hoje qualquer dúvida acerca desse ponto, visto serem por demais numerosos os testemunhos de experimentadores sérios, para que se admita, numa discussão sincera, a negação pura e simples. Resta inquirir se esse envoltório se constitui depois da morte, ou, o que é mais provável, se está sempre ligado à alma. É verdadeira esta última suposição, possível há de ser comprovar-se-lhe a existência durante a vida. E o que vamos fazer imediatamente, apelando, não mais para magnetizadores ou espíritas, e sim para investigadores inteiramente estranhos aos nossos estudos, 
para sábios imparciais, cujas verificações tanto mais valor terão, quanto 
nenhuma ligação guardem com qualquer teoria filosófica.

Este livro está repleto de depoimentos e resultados de pesquisas realizadas e, portanto, vale muito parar e ler com calma. Mas vou acrescentar um outro parágrafo, onde Delanne cita um outro livro, de um pesquisador chamado Cahagnet (Os Arcanos da vida futura desvendados):

a idéia de um corpo espiritual da alma se libertou duma parte 
de sua obscuridade. Graças ao sonambulismo, já nos achamos de posse de um 
meio de ver os Espíritos e de nos certificarmos de que eles se apresentam com 
uma forma corpórea que reproduz fielmente o corpo físico que tinham na 
Terra. Isto já não é uma hipótese; é um fato resultante da observação 
experimental. Mister se torna ler os numerosos atestados que se encontram no 
fim do seu segundo volume, para se ficar bem persuadido de que os trabalhos 
de Cahagnet não são isolados. Foram retomados e verificados por grande 
número de magnetizadores, que afirmaram ter obtido os mesmos resultados. 
Para nós, portanto, é ponto fora de questão e fácil se nos torna renovarmos 
esses fenômenos, pois basta nos coloquemos nas condições indicadas pelo autor.

Imagem do site da editora Petit
E novamente vou recorrer às explicações de Miramez, por intermédio de João Nunes  Maia, no volume 2 do livro Filosofia Espírita. No capítulo Velocidade do Espírito, encontramos o seguinte:
Certamente que o espírito gasta algum tempo para percorrer distâncias, no entanto, essa velocidade tem variações infinitas, de acordo com a evolução da alma. Existem eterminados espíritos tão materializados, que os seus meios de locomoção são os mesmos dos homens e, por vezes bem piores, bem como há entidades altamente evoluídas, que viajam grandes distâncias com a velocidade do pensamento. Não podemos determinar uma velocidade igual para todos os espíritos, pois que cada um se encontra em uma faixa evolutiva, considerando que a volitação depende de determinados processos interiores, que cada alma sabe usar para seu proveito próprio e, certamente, em favor dos que carecem dos seus 
trabalhos espirituais.
[...]
Se o espírito evoluído rasga os espaços e tem a velocidade do pensamento, 
podemos raciocinar como Deus está em toda parte permanentemente e como Jesus 
está presente onde alguém se reúne em nome dEle, em qualquer lugar da Terra.

E os ensinamentos continuam no capítulo O Espírito ante a Matéria:

No que tange aos espíritos inferiores, a matéria pode ser obstáculo incalculável para eles, por se encontrarem materializados e, certamente, sem 
condições de atravessá-la, como os espíritos puros, ou mais ou menos evoluídos. O espírito mais grosseiro se reveste de um perispírito compatível com o seu estado evolutivo, e ao passar pelo fogo pode-se queimar, e em certos casos, ao entrar nas 
águas, dificilmente se sentir bem. As próprias paredes lhes servem de obstáculos. A chave da sua liberdade está na mente, ligada à emotividade: enquanto desconhecer esse poder grandioso, sofrerá muitas conseqüências, oriundas da ignorância.

Quanto à ubiquidade dos espíritos, Miramez ainda explica que:
Pelas coisas materiais pode-se analisar as espirituais, mesmo que as comparações 
sejam pálidas. É o caso da televisão: pode-se projetar a imagem de um homem ou 
um fato em todas as direções, sendo vistos em vários lugares no mesmo instante. E 
o poder do Espírito? É bem maior que o dos aparelhos feitos pelos homens. 
Certamente que pode acontecer com maior evidência, O Cristo pode aparecer nos 
lugares que desejar na Terra no mesmo instante, a todas as pessoas que achar 
conveniente, pelo poder da Sua mente, e transmitir mensagens diferentes para cada 
pessoa ou agrupamentos. Ele é o dirigente máximo de toda a Terra, conhecedor da 
ciência divina e pode usá-la quando Lhe aprouver.

Realmente, é possível comparar coisas materiais a acontecimentos do mundo espiritual. Lembrei de dois casos que li e que mostram uma mediunidade peculiar, onde a pessoa é vista em dois lugares ao mesmo tempo. Se isso é possível a uma pessoa encarnada, quais não seriam as possibilidades dos espíritos já fora da matéria? O primeiro desses casos está registrado no livro Diversidade dos Carismas, do pesquisador e trabalhador espírita Hermínio Miranda


E o segundo caso está registrado no documentário Eurípedes Barsanulfo, educador e médium. São várias histórias em que Eurípedes foi visto em dois lugares ao mesmo tempo, ajudando pessoas. Uma delas é relatada nesse documentário e está disponível no YouTube, dividido em 7 partes. O trecho em que conta essa história de Eurípedes está abaixo, aos 8 minutos e 30 segundos (o trecho total dura 15 minutos).






Por hoje, é isso. Até a próxima!