Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 1: Dos Espíritos
Sobre o tema de hoje, gostaria de indicar um livro muito bom que já li há algum tempo: Espírito, Perispírito e Alma, do pesquisador Hernani Guimarães Andrade. É bem profundo, tanto que tentei selecionar algum parágrafo e não consegui. O problema é que uma explicação depende de outra e o post iria ficar muito grande. De qualquer forma, fica a dica. E para incentivar essa leitura, segue uma entrevista concedida por esse importante pesquisador espírita (que já está lá na pátria espiritual desde 2003), em que ele menciona o bóson de Higgs, que está nas manchetes científicas do momento (veja este comentário):
Mas vamos voltar ao tema do dia: o Perispírito. Na edição de junho de 1861 da Revista Espírita, Kardec publicou um ditado espiritual espontâneo do espírito Lamennais sobre a natureza do Espírito e do Perispírito, intitulado "Sobre o perispírito":
A alma, para o seu progresso, tem sempre
necessidade de um agente; a alma sem agente nada é para vós, ou, melhor dizendo, não
pode ser concebida por vós. O perispírito, para nós outros Espíritos errantes, é o agente pelo
qual nos comunicamos convosco, seja indiretamente por vosso corpo ou vosso perispírito,
seja diretamente pela vossa alma; daí as infinitas nuanças de médiuns e de comunicações.
Agora resta o ponto de vista científico, quer dizer, a própria essência do perispírito; isto é um
outro assunto. Compreendei, primeiro, moralmente; não resta mais que uma discussão sobre
a natureza dos fluidos, o que é inexplicável no momento; a ciência não conhece bastante,
mas a isso se chegará se a ciência quiser caminhar com o Espiritismo.
Gabriel Delanne, que foi um grande pesquisador espírita, contemporâneo de Kardec, estudou e participou de várias manifestações, inclusive as chamadas materializações. No livro A Evolução Anímica, ressalto um trecho do capítulo A Vida, que poderá esclarecer um pouco sobre o que é o perispírito:
O perispírito não é concepção filosófica imaginada para dar conta dos fatos; é um órgão indispensável à vida física, reconhecível pela experimentação. Foi no estudo da materialização dos Espíritos que o seu papel se revelou, pondo em destaque as suas propriedades funcionais. Essa descoberta explica fenômenos que a ciência registrava apenas, sem poder
justificá-los. Esse esboço do ser, preexistente a toda organização, essa reparação perpétua dos tecidos, mediante regras fixas, essa ordem que se não altera, apesar dos sucessivos afluxos de elementos novos, essa evolução cuja lei domina, em todo o curso da vida, o conjunto das trocas materiais, de modo a modificá-las profundamente conforme a idade; tudo isso se torna compreensível com a teoria espírita. Sem ela, ao invés, indecifrável obscuridade se estende sobre todos os fenômenos que de tão perto nos tocam. Admita-se a existência do perispírito, e tudo se esclarece e se compreende; a lógica dos fatos torna-se evidente é uma explicação racional no lugar do mistério, descoberta que nos leva a dar um passo a mais no conhecimento tão difícil de nós mesmos.
Foto de 1874, mostrando a materialização do espírito Kate King, muito citada por Gabriel Dellane (Veja nota ao fim da página) |
A natureza da alma nos é desconhecida, mas sabemos que ela está envolvida, circunscrita por um corpo fluídico
que a torna, depois da morte, um ser distinto e individual.
que a torna, depois da morte, um ser distinto e individual.
[...]
Esse invólucro não é de modo algum a alma, porque não pensa; não é mais que uma vestimenta; sem alma, o perispírito, assim como o corpo, não passam de matéria inerte, privada de vida e de sensação. Dizemos matéria, porque, com efeito, o perispírito, posto que de natureza etérea e sutil, não deixa de ser matéria, tanto como
os fluidos imponderáveis, e, além disso,
matéria da mesma natureza e da mesma origem
que a matéria tangível mais grosseira.
os fluidos imponderáveis, e, além disso,
matéria da mesma natureza e da mesma origem
que a matéria tangível mais grosseira.
[...]
A alma não possui essa veste somente em estado de espírito; ela é inseparável desse invólucro que a segue na encarnação e na erraticidade. Durante a vida humana, o fluido perispiritual identifica-se com o corpo e serve de veículo às sensações vindas do exterior e às vontades do Espírito; penetra o corpo em todas as suas partes; mas, com a morte, o perispírito se desprende com a alma, de que partilha a imortalidade.
E também não seria possível mencionar Leon Denis e sua maravilhosa explicação sobre o perispírito e sua correlação com a nossa evolução moral, registrada no capítulo O perispírito ou corpo espiritual, do livro Depois da Morte:
Esse corpo fluídico não é, entretanto, imutável; depura-se e enobrece-se
com a alma; segue-a através das suas inumeráveis encarnações; com ela sobe
os degraus da escada hierárquica, torna-se cada vez mais diáfano e brilhante
para, em algum dia, resplandecer com essa luz radiante de que falam as
Bíblias (antigas) e os testemunhos da História a respeito de certas aparições. É
no cérebro desse corpo espiritual que os conhecimentos se armazenam e se
imprimem em linhas fosforescentes, e é sobre essas linhas que, na
reencarnação, se modela e forma o cérebro da criança. Assim, o intelecto e o
moral do Espírito, longe de se perderem, capitalizam-se e se acrescem com as
existências deste. Daí as aptidões extraordinárias que trazem, ao nascer,
certos seres precoces, particularmente favorecidos.
A elevação dos sentimentos, a pureza da vida, os nobres impulsos para o
bem e para o Ideal, as provações e os sofrimentos pacientemente suportados,
depuram pouco a pouco as moléculas perispiríticas, desenvolvem e multiplicam
as suas vibrações. Como uma ação química, eles consomem as partículas
grosseiras e só deixam subsistir as mais sutis, as mais delicadas.
Por efeito inverso, os apetites materiais, as paixões baixas e vulgares
reagem sobre o perispírito e o tornam mais pesado, denso e escuro. A atração
dos globos Inferiores, como a Terra, exerce-se de modo irresistível sobre esses
organismos espirituais, que, em parte, conservam as necessidades do corpo e
não podem satisfazê-las. As encarnações dos Espíritos que sentem tais
necessidades sucedem-se rapidamente, até que o progresso pelo sofrimento 104
venha atenuar suas paixões, subtrai-los às influências terrestres e abrir-lhes o
acesso de mundos melhores.
Estreita correlação liga os três elementos constitutivos do ser. Quanto mais
elevado é o Espírito, tanto mais sutil, leve e brilhante é o perispírito, tanto mais
isento de paixões e moderado em seus apetites ou desejos é O corpo. A
nobreza e a dignidade da alma refletem-se sobre o perispírito, tornando-o mais
harmonioso nas formas e mais etéreo; revelam-se até sobre o próprio corpo: a
face então se ilumina com o reflexo de uma chama interior.
O espírito Miramez, pelo médium João Nunes Maia, também traz uma capítulo intitulado Perispírito em seu livro Horizontes da Mente:
O perispírito é um corpo fluídico de alta sensibilidade, capaz de comandar bilhões
de células em perfeita harmonia, em conexão com o espírito, do qual é escravo. O
corpo físico é uma duplicata do perispírito. As graves enfermidades, por vezes,
vêm da organização perispiritual, que impõe à matéria que se transforme,
favorecendo ambiente para a proliferação de variados tipos de vírus, causadores
de inúmeras doenças. A mente, com as grandes emoções, prepara o carimbo a
que o corpo espiritual se sujeita, recarimbando o corpo de carne, que o obedece,
como foi obediente ao espírito.
O perispírito tem associações profundas com as glândulas de secreção interna,
através de seus centros de forças. Elas são como duplos deles, e eles da mente,
de onde parte todo o comando central do espírito. É por isso que a obstinação da
mente, em visualizações inferiores, desprevine-a da ética espiritual, abrindo portas
para que o inferno se faça presente no céu da inteligência.
O estudo dessa organização que chamais de perispírito, ou corpo espiritual, no
dizer de Paulo de Tarso, é realmente fascinante.
E para encerrar, gostaria de mostrar que as idéias de que possuímos um corpo espiritual - cópia do nosso material, independente a ele - estão se disseminando. Vejam só esses quadrinhos da Turma da Mônica, do Maurício de Sousa, onde a Magali é a protagonista. Para mim, que sempre fui fã desses gibis, foi muito legal ver isso! Até o próximo post!
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