terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Panteísmo


Parte Primeira - Capítulo 1: De Deus

Mesmo sem ser uma fonte totalmente segura, confesso que fui dar uma olhada na Wikipédia para ver a definição de Panteísmo:

O Panteísmo é a visão de que o Universo (Natureza) e Deus (divindade) são idênticos. Os panteístas, portanto, não acreditam em um deus criador ou antropomórfico. A palavra deriva das palavras gregas pan (todos) e theos (Deus). Como tal, o Panteísmo denota a idéia de que "Deus" é melhor interpretado como um processo de relacionamento com o Universo. Embora existam divergências dentro do Panteísmo, as idéias centrais encontradas em quase todas as versões são o Cosmos como uma unidade abrangente e a sacralidade da Natureza. No panteísmo, Deus é idêntico com o universo
Acredito que a questão do Panteísmo era bastante discutida na época de Kardec e de seus continuadores. Digo isto porque estou lendo uma biografia de Leon Denis e tem um capítulo que descreve o primeiro Congresso Espiritualista Internacional de 1889. No encerramento, houve um pequeno debate sobre o assunto: 

O congresso havia reunido as principais escolas espiritualistas: os kardecistas,
os adeptos de Swedenborg, os teosofistas, os cabalistas e os rosa-cruzes.
[...]
Esse primeiro congresso não ficou isento de desentendimentos muito fortes
a respeito de certos pontos da Doutrina Espírita.
[...]
No final de seu discurso de 11 de setembro, com todas as seções reunidas, o presidente emitiu a ideia de que, se cada alma, em particular, é uma emanação do pensamento eterno, uma alma universal e divina as reúne todas. Era a concepção panteísta, oposta a de um Deus cristão; e ele insistia:
“Vós não quereis acreditar em um Deus que não podeis conhecer.”
Então, uma indisposição súbita impediu o orador de continuar seu discurso. Imediatamente, Léon Denis pediu a palavra para apresentar suas observações. Após um curto preâmbulo, entrou logo no assunto, referindo-se às pequenas escolas dissidentes, que já criticavam a obra de Allan Kardec:
“Têm-se esforçado por divulgar, na França, um Espiritismo chamado positivista, uma doutrina seca e fria que nada tem de comum com o kardecismo.” Então, tomando a defesa de Kardec, falou com um tato e um vigor admiráveis:
“Dizem que Allan Kardec tem sido muito econômico e deixou muito lugar em sua obra para as ideias místicas e católicas. Isso não é exato. O mestre poupou o Cristianismo e não o Catolicismo. Allan Kardec manteve a moral evangélica porque ela não é somente a moral de uma religião, de um povo, de uma raça, mas porque é a moral superior, eterna, que reconstruiu e haverá de reconstruir tanto as sociedades terrenas como as sociedades do Espaço.”
Lógico que com uma tal linguagem Denis demonstrava firmeza
perante os cabalistas e rosa-crucianos.

Trecho do livro Léon Denis, o apóstolo do Espiritismo, de Gaston Luce, disponível em http://gotadeluz.org/enciclopedia/livros/pdf/Autores_varios/Gaston_luce_Leon_Denis_o_Apostolo_do_Espiritismo.pdf



Mas foi em um texto do jornalista e escritor espírita Deolindo Amorim (veja aqui breve biografia) que encontrei um texto esclarecedor sobre o tema. O artigo completo está no endereço http://www.apologiaespirita.org/apologia/artigos/025_Espiritismo_e_panteismo.pdf, e aqui vai um parágrafo que esclarece o significado do Panteísmo e o motivo pelo qual o Espiritismo não concorda com a filosofia panteísta:

Espiritismo e Panteísmo

Em linhas gerais, sem descer a argumentos pormenorizados, é fácil verificar o flagrante
desacordo entre Espiritismo e Panteísmo. Basta que se leia, por exemplo, uma objeção de
Allan Kardec, objeção simples, sem subtilezas filosóficas, mas inegavelmente muito lógica. Diz
Allan Kardec, em Obras Póstumas, no capítulo que se refere às cinco alternativas da
humanidade: Sem a individualidade e sem consciência de si mesmo, o ser é como se não
existisse. As consequências morais desta doutrina, isto é, o Panteísmo, são exatamente as
mesmas que as da doutrina materialista. São palavras de Allan Kardec. Ora, o Espiritismo
afirma que a nossa alma, mesmo depois de desencarnada, não perde a sua individualidade,
não deixa de ser ela mesma, não se extingue, não se confunde com outra alma. Sem este
princípio, é claro, não seria possível explicar a responsabilidade após a morte; segundo o
panteísmo, entretanto, a individualidade da alma desaparece com a morte, porque ela se
funde no Todo universal, na alma comum. Neste caso, se a alma desaparece, deixa de ser
individual, porque volta à fonte comum, que é a alma universal, onde fica a lei da
responsabilidade? Como é possível, diante disto, admitir que haja sanções após a morte, se
desaparece completamente a individualidade da alma? Já se vê que entre o Espiritismo e o
Panteísmo há divergência profunda. Dizer, portanto, como se disse há pouco, que o Espiritismo
é uma revivescência do Panteísmo oriental, é falsear a realidade ou revelar absoluta falta de
conhecimento da doutrina espírita.

O assunto deve ter gerado muita polêmica. E por isso, para encerrar, vou fechar com a palavra sábia de Emmanuel, mensagem que encontrei por acaso (será???) no livro Fonte Viva, psicografado pelo Chico Xavier.

Diante de Deus
“Pai Nosso...”
Jesus (Mateus, 6:9)

Para Jesus, a existência de Deus não oferece motivo para contendas e altercações.
Não indaga em torno da natureza do Eterno.
Não pergunta onde mora.
N’Ele não vê a causa obscura e impessoal do Universo.
Chama-Lhe simplesmente “Nosso Pai”.
Nos instantes de trabalho e de prece, de alegria e de sofrimento, dirige-se ao Supremo Senhor, na posição de filho amoroso e confiante.
O Mestre padroniza para nós a atitude que nos cabe, perante Deus.
Nem pesquisa indébita.
Nem inquirição precipitada.
Nem exigência descabida.
Nem definição desrespeitosa.
Quando orares, procura a câmara secreta da consciência e confia-te
a Deus, como nosso Pai Celestial.
Sê sincero e fiel.
Na condição de filhos necessitados, a Ele nos rendamos lealmente.
Não perguntes se Deus é um foco gerador de mundos ou se é uma força irradiando vidas.
Não possuímos ainda a inteligência suscetível de refletir-Lhe a grandeza, mas trazemos o coração capaz de sentir-Lhe o amor.
Procuremos, assim, nosso Pai, acima de tudo, e Deus, nosso Pai, nos escutará.

Esta postagem acabou saindo maior do que esperava! Teremos material farto até nosso próximo encontro!!!

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog Kátia!

    Estudar juntos, compartilhar e pesquisar esse tema tão importante...

    E você, que é uma pesquisadora nata!
    Vou buscar meus livrinhos também!!

    Beijos
    Tania

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