sábado, 5 de outubro de 2013

Sexos nos espíritos

Parte Segunda: Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos - Capítulo 4: Da Pluralidade das Existências



Na Revista Espírita, que foi editada por Allan Kardec a partir de 1858 (e até sua morte, em 1869) é uma excelente fonte de informações. Alguns textos publicados nela, podemos encontrar nos livros da codificação. Por isso, gosto de recorrer aos seus volumes para estudar assuntos sérios e importantes do Espiritismo. E neste trabalho de divulgação da Doutrina Espírita, a Federação Espírita Brasileira (FEB) fez um excelente trabalho ao disponibilizar, on line, todos os volumes dessa importante obra (além disso, é possível baixar todas as edições da Revista Espírita, encadernada por ano, já que a edição era mensal). Para acessar, o link é este aqui: http://www.febnet.org.br/blog/geral/pesquisas/downloads-material-completo/

Foi na edição de janeiro de 1866 da Revista Espírita, nas páginas 16 a 18, que encontrei o seguinte comentário, esclarecendo sobre as questões nº 200 e nº 201 de O Livro dos Espíritos:

Os sexos só existem no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais. Mas os Espíritos, sendo criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, razão pela qual os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. 

Os Espíritos progridem pelos trabalhos que realizam e pelas provas que devem sofrer, como o operário se aperfeiçoa em sua arte pelo trabalho que faz. Essas provas e esses trabalhos variam conforme sua posição social. Devendo os Espíritos progredir em tudo e adquirir todos os conhecimentos, cada um é chamado a concorrer aos diversos trabalhos e a sujeitar-se aos diferentes gêneros de provas. É por isso que, alternadamente, nascem ricos ou pobres, senhores ou servos, operários do pensamento ou da matéria.
[...]
É com o mesmo objetivo que os Espíritos se encarnam nos diferentes sexos; aquele que foi homem poderá renascer mulher, e aquele que foi mulher poderá nascer homem, a fim de realizar os deveres de cada uma dessas posições, e sofrer-lhes as provas.
[...]
Sofrendo o Espírito encarnado a influência do organismo, seu caráter se modifica conforme as circunstâncias e se dobra às necessidades e exigências que lhe impõe esse mesmo organismo. Esta influência não se apaga imediatamente após a destruição do envoltório material, assim como não perde instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. Depois, pode acontecer que o Espírito percorra uma série de existências no mesmo sexo, o que faz que, durante muito tempo, possa conservar, no estado de Espírito, o caráter de homem ou de mulher, cuja
marca nele ficou impressa. Somente quando chegado a um certo grau de adiantamento e de desmaterialização é que a influência da matéria se apaga completamente e, com ela, o caráter dos sexos. Os que se nos apresentam como homens ou como mulheres, é para
nos lembrar a existência em que os conhecemos.

Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o mesmo se dá quando o Espírito passa da vida espiritual à vida corporal. Numa nova encarnação ele trará o caráter e as
inclinações que tinha como Espírito; se for avançado, será um homem avançado; se for atrasado, será um homem atrasado. Mudando de sexo, sob essa impressão e em sua nova encarnação, poderá conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres.

Não existe, pois, diferença entre o homem e a mulher, senão no organismo material, que se aniquila com a morte do corpo; mas quanto ao Espírito, à alma, ao ser essencial, imperecível,
ela não existe, porque não há duas espécies de almas. Assim o quis Deus em sua justiça, para todas as suas criaturas. Dando a todas um mesmo princípio, fundou a verdadeira igualdade. A d desigualdade só existe temporariamente no grau de adiantamento; mas todas têm direito ao mesmo destino, ao qual cada uma chega por seu trabalho, porque Deus não favoreceu ninguém à custa dos outros.

Sobre estas mesmas questões, deixo também um outro comentário publicado na Revista Espírita, desta vez, na edição de junho de 1862. Como o artigo é dividido em 3 partes (e a questão de nosso estudo foi publicada na terceira parte) vou apenas resumir que este trecho faz parte de um artigo que conta o falecimento de um membro da Sociedade Espírita de Paris, o Sr. Sanson, e sua posterior comunicação espiritual com o grupo. Esta parte que coloco abaixo foi publicado na edição de junho, nas páginas 244 e 245. Mas o início da história está publicada na edição de maio de 1862, na página 183, e recomendo a leitura.

Conversas Familiares de Além-Túmulo
SR. SANSON
(Sociedade Espírita de Paris, 25 de abril de 1862. Médium: Sr. Leymarie.
Terceira conversa (p. 244-245)

11. Os Espíritos não têm sexo. Entretanto, como há
poucos dias éreis homem, no vosso novo estado tendes de
preferência a natureza masculina que a feminina? Dá-se o mesmo com um Espírito que tivesse deixado o corpo há muito tempo?
Resp. – Não nos prendemos à natureza masculina ou
feminina: os Espíritos não se reproduzem. Deus os criou por sua vontade e se, na sua visão maravilhosa, quis que os Espíritos reencarnassem na Terra, teve de estabelecer a reprodução das espécies para o macho e a fêmea. Mas pressentis, sem que haja necessidade de nenhuma explicação, que os Espíritos não podem ter sexo.
Observação – Sempre foi dito que os Espíritos não têm
sexo; os sexos só são necessários para a reprodução dos corpos; como os Espíritos não se reproduzem, o sexo seria inútil para eles. Nossa pergunta não visava constatar o fato, mas, por causa da morte muito recente do Sr. Sanson, queríamos saber se lhe restava uma impressão de seu estado terreno. Os Espíritos depurados se dão conta perfeitamente de sua natureza; mas entre os Espíritos inferiores, não desmaterializados, muitos ainda se julgam como eram na Terra, conservando as mesmas paixões e os mesmos desejos. Estes ainda se crêem homens ou mulheres e por isso alguns disseram que os Espíritos têm sexo. É assim que certas contradições provêm do estado mais ou menos adiantado dos Espíritos que se comunicam; o erro não é dos Espíritos, mas daqueles que os interrogam e não se dão ao trabalho de aprofundar a questão.

Em um dos livros da coleção de André Luiz, o Evolução em dois mundos, psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira, encontramos no capítulo 24 algumas indicações sobre o tema em questão, conforme o trecho abaixo:

Linhas morfológicas dos desencarnados 

 - A que diretrizes obedecem as entidades desencarnadas para se apresentarem morfologicamente? 

 - As linhas morfológicas das entidades desencarnadas, no conjunto social a que se integram, são comumente aquelas que trouxeram do mundo, a evoluírem, contudo, constantemente para melhor apresentação, toda vez que esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados. 

A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que se reporta ao sexo, mantendo-se a criatura com os distintivos psicossomáticos de homem ou de mulher, segundo a vida íntima, através da qual se mostra com qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas. 
[...]
Ainda assim, releva observar que se o progresso mental não é positivamente acentuado, mantém a personalidade desencarnada, nos planos inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe era própria entre os homens. E, nos planos relativamente superiores, sofre processos de metamorfose, mais lentos ou mais rápidos, conforme as suas disposições íntimas. 
Pedro Leopoldo, 27/4/58





Também gostaria de deixar indicada uma leitura importante, para ajudarmos a compreender a questão 202 e o comentário registrado por Kardec, que citam a possibilidade de um espírito renascer como homem em uma existência e numa posterior voltar como mulher (ou vice-versa). O pesquisador espírita Hernani Guimarães Andrade, em seus estudos sobre reencarnação, registrou fatos assim ocorridos. No livro Reencarnação no Brasil (clicando aqui, o download do livro começa automaticamente), foram registrados dois: O Caso Jacira & Ronaldo (Cap II) e O Caso Dráusio & Maria Aparecida (Cap VI).







Para encerrar, encontrei um vídeo bem curtinho em que o Alberto Almeida (palestrante espírita do qual gosto muito) fala sobre estas questões que tratamos no post de hoje. 


Por hoje é só... nos vemos em breve!



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