domingo, 8 de abril de 2012

Povoamento da Terra - Adão

Parte Primeira - Capítulo 3: Da Criação

O surgimento da humanidade é a preocupação deste intertítulo do Livro dos Espíritos, tanto que assunto gira em torno da figura Adão. Encontrei um texto muito bom, do próprio Allan Kardec, publicado na Revista Espírita, edição de janeiro de 1862, com o título Ensaio sobre a interpretação da doutrina dos Anjos decaídos. Acabei separando alguns trechos que analisam o tema do estudo de hoje:
Embora os Espíritos possam reencarnar-se em diferentes mundos, parece que, em geral, realizam um certo número de migrações corporais no mesmo globo e no mesmo meio, a fim de poderem aproveitar melhor a experiência adquirida; não saem desse meio senão para entrar num pior, por punição, ou num melhor, como recompensa.
[...] Conforme o ensino dado pelos Espíritos superiores, essas emigrações e imigrações dos Espíritos encarnados na Terra ocorrem de vez em quando, individualmente; porém, em certas épocas, se realizam em massa, em conseqüência das grandes revoluções que os fazem desaparecer em quantidades consideráveis, sendo substituídos por outros Espíritos que, de alguma sorte, na Terra ou  numa parte da Terra, constituem uma nova geração.
[...] A questão de Adão, como tronco único da espécie humana na Terra é, como se sabe, muito controvertida, porque as leis antropológicas lhe demonstram a impossibilidade, sem falar dos documentos autênticos da história chinesa, que provam que a população do globo remonta a uma época muito anterior à atribuída a Adão pela cronologia bíblica. Então a história de Adão é pura invencionice? Não é provável; é uma imagem que, como todas as alegorias, deve encerrar uma grande verdade, cuja chave só poderá ser dada pelo Espiritismo. Em nossa opinião, a questão principal não é saber se a personagem de Adão realmente existiu, nem em que época viveu, mas se a raça humana, designada como sua posteridade, é uma raça decaída. A solução dessa questão não é destituída de conteúdo moral, porque, esclarecendo-nos quanto ao passado, pode orientar a nossa conduta para o futuro.
Se remontarmos, agora, à origem da raça atual, simbolizada na pessoa de Adão, encontraremos todos os caracteres de uma geração de Espíritos expulsos de um outro mundo e exilados, por razões semelhantes, na Terra, já povoada por homens primitivos, mergulhados na ignorância e na barbárie, e que tais exilados tinham por missão fazê-los progredir, trazendo para o seu meio as luzes de uma inteligência já desenvolvida. Não é, com efeito, o papel até aqui representado pela raça adâmica? Relegando-a para esta terra de trabalho e de sofrimento, Deus não teria razão para dizer: “No suor do rosto comerás o teu pão”?
Se, por causas semelhantes às que vemos hoje, ela mereceu tal castigo, não será justo dizer que se perdeu por orgulho?
Documento egípcio escrito a cerca de 3.300 anos conta a luta de faraó contra rebeldes.
A caixinha no pé da foto é o "porta-lápis e tintas" dos escribas da época
[...] Um fato parece apoiar a teoria que atribui uma preexistência aos primeiros habitantes desta raça na Terra: o de que Adão, tido como o tronco, é representado com um desenvolvimento intelectual peculiar, bem superior ao das raças selvagens atuais; que em pouco tempo os seus primeiros descendentes mostraram aptidão para trabalhos de arte muito avançados.


Se levarmos em conta que a linguagem escrita surgiu em aproximadamente 4 mil a.C., com os egípcios, sumérios, chineses e povos americanos, podemos entender o motivo pela qual sugere-se que Adão (ou melhor, uma civilização mais avançada) tenha chegado na Terra a esta época. Afinal, com a escrita passamos a gravar todos os feitos e isso foi o início da História da humanidade. Imagino que Gutemberg, com a prensa móvel e a impressão, foi quem chegou mais próximo à revolução da linguagem escrita.


Mas voltando ao tema principal, em A Caminho da Luz, o espírito Emmanuel, por intermédio de Chico Xavier, também esclarece a questão das evolução da espécie humana, no capítulo 2, A vida organizada:
Onde está Adão com a sua queda do paraíso? Debalde nossos olhos procuram, aflitos, essas figuras legendárias, com o propósito de localizá-las no Espaço e no Tempo. Compreendemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança dos Espíritos degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos para a personalidade das criaturas.
Examinada, porém, a questão nos seus prismas reais, vamos encontrar os primeiros antepassados do homem sofrendo os processos de aperfeiçoamento da Natureza. No período terciário a que nos reportamos, sob a orientação das esferas espirituais notavam-se algumas raças de antropóides, no Plioceno inferior. Esses antropóides, antepassados do homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no mundo, tiveram a sua evolução em pontos convergentes, e daí os parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno e o do chimpanzé da atualidade.
 Reportando-nos, todavia, aos eminentes naturalistas dos últimos tempos, que examinaram meticulosamente os transcendentes assuntos do evolucionismo, somos compelidos a esclarecer que não houve propriamente uma "descida da árvore", no início da evolução humana.
As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade.
Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas de desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral.
Nesta mesma obra, no capítulo 3, As raças adâmicas, encontramos o seguinte:
Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização.Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos. As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.
Para finalizar, estou deixando uma figura que, em princípio, faz a gente rir. Mas o objetivo, aqui, é gerar uma reflexão: o que estamos fazendo com o nosso corpo físico, que levou milhões de anos para chegar onde está hoje? O que fazemos com nossa mente, fonte criadora, se ficamos com a cara enfiada no computador o dia inteiro? Uma bela base de meditação para todos nós, hein?
Voltamos a nos encontrar na próxima semana!


Nenhum comentário:

Postar um comentário