quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mundo normal primitivo

Parte Segunda - Capítulo 1: Dos Espíritos

Duas frases resumem muito bem as explicações que os espíritos deram a Allan Kardec nesse trecho de O Livro dos Espíritos, no que se refere aos mundos espiritual e material. Uma delas é do livro Emmanuel, ditado a Chico Xavier, registrada no capítulo Dos Destinos. E a outra é de Leon Denis, no livro Depois da Morte, no capítulo A Lei Moral. Abaixo, seguem as duas:
Emmanuel: obra do pintor
mineiro Delpino Filho

Somente fora da existência material
podeis refletir acertadamente sobre a verdade. 
Apenas a vida espiritual é verdadeira e eterna. 
[...]
E a vida integral não é a existência terrena, repleta de vicissitudes sem conta; é a glorificação do amor, da atividade, da luz, de tudo quanto é nobre e belo no Universo; e a consciência é o laço que liga cada espírito a esse “nec plus ultra” que denominamos – a Eternidade. 



Leon Denis aos 30 anos

Dá o que for indispensável ao homem material, ser efêmero que se esvairá na morte.
Cultiva com cuidado o ser espiritual, que viverá para sempre.
Desprende-te das coisas perecíveis: honras, riquezas, prazeres mundanos,
tudo isso é fumo: o bem, o belo, o verdadeiro somente é que são eternos.



Em toda a coleção de livros de André Luiz, com psicografia de Chico Xavier, encontramos diversos exemplos da perenidade da vida espiritual, bem como da inter-relação da vida espiritual e da vida material e como esses dois mundos se misturam e se influenciam. Seguem alguns trechos que achei interessantes (e ilustrativos) e ajudam a entender melhor essas relações. Mas recomendo, de verdade, a leitura dessas obras que são maravilhosas.

No capítulo 7 de Missionários da Luz (p. 87 a 89), André Luiz descreve uma noite de atividade de socorro que sua equipe desenvolvia aqui no planeta. Ele descreve o que vê pela rua em que ele passa e a interação com um espírito que vem pedir socorro ao grupo:

Já no livro Os Mensageiros, capítulo No posto de Socorro, encontrei um esclarecimento muito bacana sobre o que costumamos chamar de "inspiração de artista". E novamente, vemos como os dois mundos estão interligados e qual é, realmente, a vida verdadeira:

De varanda extensa e nobre, onde as colunatas se enfeitavam de hera
florida, muito diferente, porém, da que conhecemos na Terra, penetramos em vasto salão mobiliado ao gosto mais antigo. Os móveis delicadamente esculturados formavam conjunto encantador. 
Admirado, fixei as paredes, de onde pendiam quadros maravilhosos. Um deles, contudo, impunha­-me especial atenção. Era uma tela enorme, representando o martírio de São Dinis, o  Apóstolo das Gálias rudemente supliciado nos primeiros tempos do Cristianismo, segundo meus humildes conhecimentos de História. Intrigado, recordei que vira, na Terra, um quadro absolutamente igual àquele. Não se tratava de um famoso trabalho de Bonnat, célebre pintor francês dos últimos tempos? A cópia do Posto de Socorro, todavia, era muito mais bela. A lenda popular  estava lindamente expressa nos mínimos detalhes. O glorioso  Apóstolo, seminu, com a cabeça decepada, tronco aureolado de intensa luz, fazia um esforço supremo por levantar o próprio crânio que lhe rolara aos pés, enquanto os assassinos o contemplavam, tomados de intenso horror; do alto, via­-se descer um emissário divino, trazendo ao Servo do Senhor a coroa e a palma da vitória. Havia, porém, naquela cópia, profunda luminosidade, como se cada pincelada contivesse movimento e vida.
Observando-­me a admiração, Alfredo falou, sorrindo:
– Quantos nos visitam, pela primeira vez, estimam a contemplação desta cópia soberba.
–  Ah!  Sim – retruquei –, o original, segundo estou  informado, pode ser visto no Panteão de Paris.
Panteão de Paris
– Engana­-se – elucidou o meu gentil interlocutor –, nem todos os quadros, como nem todas as grandes composições artísticas, são originariamente da Terra. É certo que devemos muitas criações sublimes à cerebração humana; mas, neste caso, o assunto é mais transcendente. Temos aqui a história real dessa tela magnífica. Foi idealizada e executada por nobre artista cristão, numa cidade espiritual muito ligada à França. Em fins do século passado, embora estivesse retido no círculo carnal, o grande pintor de Bayonne visitou essa colônia em noite de excelsa inspiração, que ele, humanamente, poderia classificar de maravilhoso sonho. Desde o minuto em que viu  a tela, Florentino Bonnat não  descansou  enquanto não a reproduziu, palidamente, em desenho que ficou célebre no mundo inteiro. As cópias terrestres, todavia, não têm essa pureza de linhas e luzes, e nem mesmo a reprodução sob nossos olhos tem a beleza imponente do original, que já tive a felicidade de contemplar  de perto, quando organizávamos, aqui no Posto, homenagens singelas para a honrosa visita que nos fez o  grande servo do Cristo. Para movimentar as providências necessárias, visitei pessoalmente a cidade espiritual a que me referi.
Grande espanto apossara-­se-­me do coração. Via, agora, explicada a tortura santa dos grandes artistas, divinamente inspirados na criação de obras imortais; agora, reconhecia que toda arte elevada é sublime na Terra, porque traduz visões gloriosas do homem na luz dos planos superiores.
Parecendo interessado em completar meus pensamentos, Alfredo considerou:
– O gênio construtivo expressa superioridade espiritual com livre trânsito entre as fontes sublimes da vida. Ninguém cria sem ver, ouvir ou sentir, e os artistas de superior mentalidade costumam ver, ouvir e sentir  as realizações mais altas do caminho para Deus.

E finalmente, quando André Luiz, no livro Nosso Lar, observa o parque defronte de sua janela, no Hospital da colônia, ele descreve:

Deleitava-­me, agora, contemplando os horizontes vastos, debruçado às janelas espaçosas. Impressionavam-­me, sobretudo, os aspectos da Natureza. Quase tudo, melhorada cópia da Terra. Cores mais harmônicas, substâncias mais delicadas. Forrava-­se o solo de vegetação. Grandes árvores, pomares fartos e jardins deliciosos. Desenhavam­-se montes coroados de luz, em continuidade à planície onde a colônia repousava. Todos os departamentos apareciam cultivados com esmero. A pequena distância, alteavam-­se graciosos edifícios. Alinhavam-­se a espaços regulares, exibindo formas diversas. Nenhum sem flores à entrada, destacando-­se algumas casinhas encantadoras, cercadas por muros de hera, onde rosas diferentes desabrochavam, aqui e ali, adornando o  verde de cambiantes variados. Aves de plumagens policromas cruzavam os ares e, de quando em quando, pousavam agrupadas nas torres muito alvas, a se erguerem retilíneas, lembrando lírios gigantescos, rumo ao céu. Das janelas largas, observava, curioso, o  movimento do parque. Extremamente surpreendido, identificava animais domésticos, entre as árvores frondosas, enfileiradas ao fundo.

Dos comentários de André Luiz, vemos que ele definia tudo como uma cópia melhorada da Terra. Depois dos nossos estudos de hoje, acredito que nosso comentário seria o contrário: de que a Terra é uma cópia piorada dos planos espirituais (pelo menos os superiores)!

Para finalizar, deixo uma pequena cena do remake de 1994 da novela A Viagem (a original foi transmitida pela extinta TV Tupi, em 1975). É com prazer que vejo novelas e filmes mostrando um pouco da realidade da Vida, e das trocas que existem entre os planos espiritual e material.


Até o próximo post!

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