segunda-feira, 4 de junho de 2012

A vida e a morte

Parte Primeira - Capítulo 4: Do Princípio Vital


Que se passa no momento da morte e como se desprende o Espírito da sua prisão material?
Que Impressões, que sensações o esperam nessa ocasião temerosa?
É isso o que interessa a todos conhecer, porque todos cumprem essa jornada.
A vida foge-nos a todo instante: nenhum de nós escapará à morte.

É dessa forma que Leon Denis abre o capítulo A hora final, em seu livro Depois da morte. O capítulo inteiro é de grande ensinamento, mas aqui vou deixar mais dois parágrafos que podem começar a nos elucidar sobre a separação definitiva do espírito e do corpo em determinada encarnação.

A separação é quase sempre lenta, e o desprendimento  da alma opera-se gradualmente. Começa, algumas vezes, muito tempo antes da morte, e só se completa quando ficam rotos os últimos laços fluídicos que unem o perispírito ao corpo. A impressão sentida pela alma revela-se penosa e prolongada quando esses laços são mais fortes e numerosos. Causa permanente da sensação e da vida, a alma experimenta todas as comoções, todos os despedaçamentos do corpo material.
[...]
Em geral, o desprendimento da alma é menos penoso depois de uma longa moléstia, pois o efeito desta é desligar pouco a pouco os laços carnais. As mortes súbitas, violentas, sobrevindo quando a vida orgânica está em sua plenitude, produzem sobre a alma um despedaçamento doloroso e lançam-na em prolongada perturbação. Os suicidas são vítimas  de sensações horríveis. Experimentam, durante anos, as angústias do último momento e reconhecem, com espanto, que não trocaram seus sofrimentos terrestres senão por outros ainda mais vivazes.

E como explica Leon Denis, neste mesmo capítulo, vida e morte estão totalmente relacionadas, já que o modo como vivemos influencia o modo como desencarnamos. Manoel Philomeno de Miranda, pela psicografia de Divaldo Franco, também aborda essa questão no livro Temas da Vida e da Morte. No capítulo Comportamento e Vida, o autor espiritual afirma que nosso comportamento influencia não apenas como, mas quando se fixa a hora da morte:

A longevidade como a brevidade da existência corporal, embora façam parte do programa adrede estabelecido para cada homem, alteram-se para menos ou para mais, de acordo com o seu comportamento e do contributo que oferece à aparelhagem orgânica para a sua preservação ou desgaste.
[...]
É óbvio que o estroina desperdiça maior quota de energias, impondo sobrecargas desnecessárias aos equipamentos fisiológica, do que o indivíduo prudente.

E no capítulo Processo Desencarnatório, ele completa:

A ruptura dos vínculos de manutenção do Espírito ao corpo é somente um passo inicial na demorada proposta da desencarnação.
Normalmente encharcado de impressões de forte teor material, o Espírito se demora mimetizados pela vibrações a que se ambientou, prosseguindo sob estados de variadas emoções que o aturdem.
[...]
Acostumado a viciações e hábitos perniciosos, que se comprazia em vitalizar com as atitudes físicas e mentais, vê-se o desencarnado subitamente interditado de dar-lhes prosseguimento, o que então lhe constitui tormento inenarrável, levando-o a arrojar-se sobre os despojos em decomposição, ávido de gozo impossível, nele próprio produzindo estados umbralinos de perturbação psíquica em que passa a jazer por longo período, ou se atira, por afinidade de gostos, em intercursos obsessivos , em que as suas vitimas lhe emprestam o veículo para a nefária dependência...

Para quem quiser saber mais sobre processos desencarnatórios, recomento um livro da coleção André Luiz, de psicografia do Chico Xavier: Obreiros da Vida Eterna. Neste livro, André Luiz faz parte de uma equipe, dirigida por um mentor - Jerônimo - que tem por tarefa acompanhar e ajudar na desencarnação de cinco pessoas. Os processos são bastante detalhados e o aprendizado é grande. Sem contar os exemplos que temos para nossa própria conduta. Abaixo, um pequenos exemplo desse trabalho, registrado no capítulo Companheiro Libertado:


Ordenou Jerônimo que me conservasse vigilante, de mãos coladas à fronte do enfermo, passando, logo após, ao serviço complexo e silencioso de magnetização. Em primeiro lugar, Insensibilizou  inteiramente o vago, para facilitar o desligamento nas vísceras. A seguir, utilizando passes longitudinais, isolou  todo o sistema nervoso  simpático, neutralizando, mais tarde, as fibras inibidoras no cérebro.
[...]
E porque eu indagasse, tímido, por onde iríamos começar, explicou­-me o orientador: 
- Segundo você sabe, há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: o centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.
[...]
 Aconselhando­-me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa porção de substância leitosa pairando em torno. Esticaram-­se os membros inferiores, com sintomas de esfriamento.
[...]
Jerônimo, com passes concentrados sobre o tórax,relaxou os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do  coração, que passou a
funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância
desprendia­se do corpo, do epigastro à garganta, mas reparei que todos os músculos
trabalhavam fortemente contra a partida da alma, opondo-­se à libertação das forças
motrizes, em esforço desesperado, ocasionando angustiosa aflição ao paciente. O
campo físico oferecia-­nos resistência, insistindo pela retenção do senhor espiritual.
[...]
Alcançáramos o coma, em boas condições.
O Assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir
no  cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu  potencial de energia na
fossa romboidal, Jerônimo quebrou  alguma coisa que não pude perceber com
minúcias, e brilhante chama violeta­dourada desligou-­se da região craniana,
absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada.
Quis fitar a brilhante luz, mas confesso que era difícil fixá­la, com rigor. Em breves
instantes, porém, notei que as forças em exame eram dotadas de movimento
plasticizante. A chama mencionada transformou­se em maravilhosa cabeça, em tudo
idêntica à do nosso amigo em desencarnação, constituindo­se, após ela, todo o corpo
perispiritual de Dimas, membro a membro, traço a traço. E, à medida que o novo
organismo ressurgia ao nosso  olhar, a luz violeta­-dourada, fulgurante no cérebro,
empalidecia gradualmente, até desaparecer, de todo, como se representasse o
conjunto dos princípios superiores da personalidade, momentaneamente recolhidos a
um único ponto, espraiando­-se, em seguida, através de todos os escaninhos do
organismo perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão dos diferentes átomos,
das novas dimensões vibratórias.

Mas essa equipe de trabalhadores espirituais também se depara com um caso em que a pessoa, programada para desencarnar, ganha um tempo a mais de vida. Não vou contar detalhes para não estragar a surpresa, mas adianto que o capítulo é emocionante e ninguém vai se arrepender de ler.

Para finalizar, lembrei de um comercial que vi há muito tempo na Internet e que me fez pensar sobre nossas ações, sobre suicídio involuntário, e em tudo o que aprendemos neste item do Livro dos Espíritos. É uma figura até simplista, mas que me fez pensar e querer compartilhar com todos. Por sorte encontrei o vídeo e estou postando abaixo. Até mais!


Nunca será demasiado repetir-se que, assim como o homem pensa e age, edificará sua existência, vivendo-a de conformidade com o comportamento elegido. (Manoel Philomeno de Miranda)









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