quinta-feira, 21 de junho de 2012

Origem e natureza dos Espíritos

Parte Segunda - Capítulo 1: Dos Espíritos

Alguns posts atrás, chegamos a falar um pouco sobre o tema Espíritos e acho que em Espírito e Matéria temos material suficiente para nos basearmos para o estudo de hoje. Para comentar as questões da origem e criação dos dos espíritos, bem como a evolução, colhi dois depoimentos disponúveis no YouTube: de Divaldo Franco e de Irvênia Prada, palestrantes espíritas que admiro.


Leon Denis, na primeira parte do livro Depois da Morte, faz um retrospecto das primeiras religiões da humanidade e gostaria de destacar aqui essas lições para observarmos como essas questões preocupam a humanidade desde de sempre. E como esses povos antigos tinham um conhecimento que hoje, infelizmente, parece encoberto pelo materialismo, imediatismo, consumismo, e outors "ismos" da modernidade!

Denis mostra como as mais diversas religiões já acreditavam (ou tinham certeza) na criação das almas por um Ser Superior e também na imortalidade. Mas, conforme explica o autor, "Todas as grandes religiões tiveram duas faces, uma aparente, outra oculta. Está nesta o Espírito, maquela a forma ou a letra. Debaixo do símbolo material, dissimula-se o sentido profundo."

No Hinduísmo, os ensinamentos Vedas se perdem na imensidão dos tempos, mas de acordo com os registros históricos e seus livros sagrados, eles "são monoteístas; as alegorias que se encontram em cada página apenas dissimulam a imagem da grande Causa primária, cujo nome, cercado de santo respeito, não podia, sob pena de morte, ser pronunciado. As divindades secundárias ou devas personificam os auxiliares inferiores do Ser Supremo, as forças vivas da Natureza e as qualidades morais." Leon Denis destaca o seguinte trecho do Bhagavad Gita:

Krishna, rodeado por um certo número de discípulos, ia de cidade em cidade espalhar os seus ensinos: 
“O corpo, dizia ele, envoltório da alma que ai  faz sua morada, é uma coisa finita; porém, a alma que o habita é invisível, imponderável e eterna."

Também consultei o texto do Bhagavad Gita (quem tiver curiosidade em consultar, clique aqui para o texto completo):

A substância material total, chamada Brahman, é a fonte do nascimento, e é esse Brahman que Eu fertilizo, e assim faço possível o nascimento de todos os seres viventes [...] Deve-se compreender que todas as espécies de vida aparecem por meio de seu nascimento na natureza material, e que Eu sou o pai que dá a semente.


O Budismo também é citado por Denis e podemos tomar essa passagem do livro Depois da Morte como uma explicação a uma das perguntas dirigidas aos espíritos superiores por Kardec, neste subtítulo do Livros dos Espíritos:

Em conformidade com a doutrina secreta do Budismo, o Nirvana não écomo ensina a Igreja do Sul e o Grã-Sacerdote do Ceilão, a perda da 
individualidade e o esvaecimento do ser no nada, mas sim a conquista, pela alma, da perfeição, e a libertação definitiva das transmigrações e dos renascimentos no seio das humanidades. Cada qual executa o seu próprio destino. A vida presente, com suas alegrias e dores, não é senão a conseqüência das boas ou más ações operadas livremente pelo ser nas existências anteriores.

Já na religião do Antigo Egito, vemos as seguintes características:

“O destino do Espírito humano tem duas fases: cativeiro na matéria, 
ascensão na luz. As almas são filhas do céu, e a viagem que fazem é uma prova. Na encarnação perdem a reminiscência de sua origem celeste. Cativas pela matéria, embriagadas pela vida, elas se precipitam como uma chuva de fogo com estremecimentos de volúpia, através da região do sofrimento, do amor e da morte, até à prisão terrestre em que tu mesmo gemes, e em que a vida divina parece-te um sonho vão. (Uma nota de rodapé explica que o texto foi extraído do Pimander, o mais autentico dos livros de Hermes Trimegisto).


Nesse estudo, também achei interessante sublinhar o significado da imagem da esfinge, tida como um monstro lendário, mas que representa a raça humana:
A Esfinge, cabeça de mulher em corpo de touro, com garras de leão e asas de águia, era a Imagem do ser humano emergindo das  profundezas da animalidade para atingir a sua nova condição. O grande enigma era o homem, trazendo em si os traços sensíveis da sua origem, resumindo todos os elementos e todas as forças da natureza inferior.

Sobre a Grécia Antiga, Leon Denis diz que ela "soube traduzir, em linguagem clara, as belezas obscuras da sabedoria oriental", especialmente pela música e pela poesia.

 Filósofo e matemático grego
que viveu entre 571 a.C. 497 a.C.
"... esse ritmo, essa harmonia que o gênio nascente da Grécia havia introduzido na palavra e no canto, Pitágoras, o iniciado dos templos egípcios, observou-os por toda parte do Universo, na marcha dos astros que se movem, futuras moradas da Humanidade, no seio dos espaços, na concordância dos três mundos, natural, humano e divino, que se sustentam, se equilibram, se completam, para produzirem a vida em sua corrente ascensional e em sua espiral infinita.
[...]
Os pitagóricos chamavam Espírito ou inteligência à parte ativa e Imortal do ser humano. A alma era para eles o Espírito envolvido em seu corpo fluídico e etéreo. O destino da Psique, a alma humana, sua queda e cativeiro na carne, seus sofrimentos e lutas, sua reascensão gradual, seu triunfo sobre as paixões e sua volta final à luz, tudo isto constituía o drama da vida, representado nos Mistérios de Elêusis como sendo o ensino por excelência. Segundo Pitágoras, a evolução material dos mundos e a evolução espiritual das almas são paralelas, concordantes, e explicam-se uma pela outra."
E finalmente, a Gália, com seus ensinamentos druidas e suas Tríades (uma espécie de princípios religiosos dos celtas), são destacados por Leon Denis:

Os druídas ensinavam a unidade de Deus. 
Segundo as Triades, a alma gera-se no seio do abismo — anoufn; aí reveste as formas rudimentares da vida; só adquire a consciência e a liberdade depois de ter estado por muito tempo imersa nos baixos instintos. Eis o que a tal respeito diz o cântico do bardo Taliesino, célebre em toda a Gália: “Existindo, desde toda a antigüidade, no meio dos vastos oceanos, não nasci de um pai e de uma mãe, mas das formas elementares  da Natureza, dos  ramos da bétula, do fruto das florestas, das flores das montanhas. Brinquei à noite, dormi pela aurora: fui víbora no lago, águia nas nuvens, lince nas selvas. Depois, eleito por Gwyon (Espírito divino), pelo Sábio dos sábios, adquiri a Imortalidade. Bastante tempo decorreu, e depois fui pastor. Vagueei longamente pela Terra antes de me tornar hábil na ciência. Enfim, brilhei entre os chefes superiores. Revestido dos hábitos sagrados, empunhei a taça dos sacrifícios. Vivi em cem mundos; agitei-me em cem círculos.”

A alma, em sua peregrinação imensa, diziam os druidas, percorre três círculos, aos quais correspondem três estados sucessivos. No anouln sofre o jugo da matéria; é o período animal. Penetra depois no abred, círculo das migrações que povoam os mundos de expiação e de provas; a Terra é um desses mundos, e a alma se encarna bastantes vezes  em sua superfície. A custa de uma luta incessante, desprende-se das influências corpóreas e deixa o circulo das encarnações para atingir gwynftd, circulo dos mundos venturosos ou da felicidade. Ai se abrem os horizontes encantadores da espiritualidade.

Espero que essa viagem pelo tempo tenha sido do gosto de todos e que tenha ajudado nos estudos, assim como ajudou nos meus. Continuamos no próximo post!





2 comentários:

  1. Ver A Gênese cap.III, INTELIGÊNCIA E INSTINTO, Allan Kardec aprofunda esse tema.

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    1. Obrigada pela dica, Vilmar! É ótimo estudar quando trocamos informações, não é? Um abraço

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